Adeus LCOE? Por Que o Solar Precisa Repensar Seu Próprio Modelo de Negócio
- Energy Channel United States

- 19 de jul.
- 3 min de leitura
Modelo tradicional de cálculo de custos da energia solar está em xeque e especialistas apontam: chegou a hora de repensar o design das usinas fotovoltaicas

Por EnergyChannel | Especial Intersolar 2025
A transição energética vive um novo capítulo. A discussão sobre o LCOE (Levelized Cost of Energy), ou Custo Nivelado da Energia, que dominou o planejamento de projetos solares na última década, está oficialmente aberta. E a provocação partiu de ninguém menos que a Huasun Energy, uma das maiores fabricantes de módulos heterojunction (HJT) do mundo.
Durante um painel na Intersolar, Christian Komas, Head de Desenvolvimento de Negócios da Huasun na Europa, fez um alerta direto ao mercado: "Estamos entrando na era pós-LCOE. É hora de repensar o desenho das plantas solares".
Quando produzir mais energia significa ganhar menos dinheiro
O argumento central é simples, porém disruptivo. Até agora, o LCOE era a bússola dos projetos solares: quanto menor o custo por MWh gerado, melhor o retorno financeiro. Só que essa lógica não se sustenta mais em mercados onde a energia solar já representa 20% a 25% da matriz elétrica — como acontece hoje em países como Alemanha, Espanha e Califórnia.
O excesso de geração nos horários de pico solar tem levado a uma queda drástica no preço da eletricidade no mercado spot, chegando até mesmo a valores negativos em algumas situações. Resultado? Plantas solares tradicionais, com painéis voltados ao sul e máxima densidade, estão produzindo justamente quando o mercado não paga quase nada pela energia.
"Se continuarmos projetando as usinas para gerar o máximo ao meio-dia, vamos continuar gerando no horário mais barato. Isso destrói o retorno financeiro, mesmo com LCOE baixo", explicou Komas.
O risco do curtailement e da mudança regulatória
Além do impacto direto no mercado spot, o excesso de energia fotovoltaica durante o dia já está levando a cortes obrigatórios de geração (o temido curtailment) em vários países.
Quando isso acontece, os operadores de rede determinam que as plantas solares desliguem parte da sua produção, eliminando qualquer receita durante essas horas.
Segundo Komas, isso coloca em risco até mesmo contratos garantidos por leilões ou tarifas feed-in. "Se o mercado não valoriza a energia solar durante boa parte do dia, os governos podem rever contratos e cortar benefícios. O risco jurídico aumenta", alertou.
Como escapar dessa armadilha?
A resposta óbvia seria adicionar sistemas de armazenamento, como baterias, para guardar a energia do meio-dia e vender à noite. Mas Komas propõe uma alternativa mais barata e eficiente: instalações verticais de módulos bifaciais de altíssima eficiência.
Ao instalar painéis em posição vertical, com módulos bifaciais de 95% de efetividade, a geração se distribui mais nas bordas do dia — início da manhã e final da tarde — justamente quando os preços da energia são mais altos e a concorrência com outras plantas solares é menor.
Segundo as simulações da Huasun, mesmo considerando um custo inicial de montagem mais elevado para o sistema vertical, o retorno financeiro supera o de projetos com baterias em praticamente todos os cenários analisados. Além disso, as instalações verticais facilitam o uso do solo para agricultura, o que abre novas oportunidades de projetos agrovoltaicos.
O recado para desenvolvedores solares
A provocação da Huasun não é apenas sobre hardware ou tecnologia, mas sobre mentalidade de mercado. "Estamos planejando projetos como se estivéssemos em 2015, mas já vivemos a realidade de 2030", afirmou Komas.
Ele defende que, nos próximos anos, as plantas solares precisarão considerar não apenas quanto custam e quanto produzem, mas quando e como essa energia é vendida no mercado. Em um cenário de preços dinâmicos e maior participação do solar na matriz, o valor da geração distribuída ao longo do dia será mais relevante do que a produção total.
O futuro do design das usinas solares
O paradigma está mudando. Na visão da Huasun e de outros players do setor, o desenho das plantas solares do futuro será mais variado e adaptável. Haverá espaço para:
PV vertical para otimizar geração nas extremidades do dia
Baterias para armazenamento estratégico de energia
Topologias híbridas, combinando diferentes orientações de módulos
Integração com mercado spot e contratos PPA flexíveis
A conclusão é clara: não basta mais construir a planta mais barata por MWh gerado; é preciso construir a planta mais rentável em um mercado que muda hora a hora.
"Adeus LCOE? Por Que o Solar Precisa Repensar Seu Próprio Modelo de Negócio"






























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