Geração Distribuída na Mira: Quem Tem Medo do Sol?
- Energy Channel United States

- 11 de set.
- 2 min de leitura
Por Daniel Lima – ECOnomista
A luz que incomoda
A geração distribuída (GD) tem sido alvo de uma campanha coordenada de desinformação e distorção. O discurso oficial, agora reforçado por consultorias que atuam como oráculos do setor elétrico, tenta pintar a GD como vilã dos cortes de geração (curtailment), dos subsídios e até da instabilidade do sistema. Mas será mesmo?

Curtailment: o bode solar na sala
As associações do setor elétrico apontam a GD como agravante dos cortes de geração. O argumento é conveniente: desloca o foco dos problemas estruturais do sistema — como falta de planejamento, excesso de oferta em horários concentrados e ausência de flexibilidade — para os pequenos geradores. É como culpar o pedestre pelo engarrafamento.
Subsídios: quem realmente é beneficiado?
A crítica à compensação integral dos créditos da GD ignora que os grandes consumidores e geradores centralizados também operam com incentivos bilionários, isenções e regimes especiais. A GD, por sua vez, democratiza o acesso à energia limpa e reduz perdas na distribuição. O “subsídio mais generoso do planeta” é uma frase de efeito que esconde o verdadeiro desequilíbrio: o monopólio da geração.
Consultorias: o conflito de interesses institucionalizado
É preciso questionar a neutralidade de consultorias que formulam políticas públicas para o governo e, ao mesmo tempo, prestam serviços para grupos contrários à GD. Quando o mesmo ator define as regras e representa os interesses de quem quer restringi-las, o jogo deixa de ser técnico e passa a ser político — e profundamente desigual.
Tarifas e distorções: quem paga a conta da inércia?
A proposta de aplicar tarifas diferenciadas para usuários de GD, como pré-pagamento ou multipartes, pode até parecer justa em tese. Mas na prática, ela ignora que a GD já contribui para aliviar o sistema nos horários de pico, reduzir investimentos em infraestrutura e aumentar a resiliência energética. Penalizar quem gera é como cobrar pedágio de quem anda de bicicleta.
Soluções mágicas e o medo da descentralização
A crítica às “soluções mágicas” como baterias e usinas reversíveis revela o desconforto com a inovação. O setor elétrico tradicional teme perder o controle sobre a matriz. A GD, com sua lógica descentralizada, empodera o consumidor e desafia o modelo verticalizado. E isso incomoda.
A energia como direito, não privilégio
A geração distribuída não é o problema — é parte da solução. O que está em jogo é o modelo de futuro que queremos: um sistema concentrado, opaco e controlado por poucos, ou uma matriz limpa, democrática e acessível. A luz incomoda quem vive da sombra.
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