Gotion recua de projeto bilionário de fábrica de baterias nos EUA após impasse político e resistência local
- Energy Channel United States

- 30 de out.
- 3 min de leitura
Decisão encerra planos de investimento de US$ 2,36 bilhões em Michigan; controvérsias ambientais e tensões geopolíticas pesaram na desistência do projeto

Por EnergyChannel
A fabricante chinesa de células de bateria Gotion High-Tech, que tem a Volkswagen como principal acionista, desistiu oficialmente de construir uma megafábrica de baterias no estado de Michigan, nos Estados Unidos um projeto que desde 2022 enfrentava forte oposição local, críticas políticas e incertezas regulatórias.
O empreendimento, anunciado com pompa há dois anos, previa um investimento de US$ 2,36 bilhões para erguer uma unidade em uma área de 211 hectares nos distritos de Big Rapids e Green Township, com a criação de 2.350 empregos diretos. A iniciativa, no entanto, nunca saiu do papel.
De acordo com a Michigan Economic Development Corporation (MEDC), o subsídio estadual de US$ 125 milhões, prometido para apoiar a construção, nunca chegou a ser liberado. Pior: o órgão agora tenta reaver US$ 23,6 milhões já desembolsados, utilizados para a compra do terreno.
Em carta enviada à Gotion, a MEDC afirmou que a empresa havia violado o contrato de subsídio por não ter realizado nenhuma obra no local por mais de 120 dias. A companhia recebeu um prazo de 30 dias para se manifestar, e respondeu, por meio de seus advogados, que a acusação era “totalmente falsa” e que enfrentava uma “onda de ataques” políticos e comunitários que inviabilizaram o andamento do projeto.
Segundo o documento, a Gotion teria buscado um diálogo “aberto e honesto” com o governo estadual sobre a viabilidade futura da planta, em meio à crescente pressão local.
Protestos e disputa política
Desde o anúncio, o projeto se tornou alvo de protestos e disputas partidárias. Moradores e grupos ambientais de Green Township argumentavam que a fábrica representava riscos ao meio ambiente especialmente pelo uso de água e produtos químicos em uma região predominantemente rural.
Além disso, o envolvimento de uma empresa com ligação direta à China alimentou a desconfiança pública, em meio à crescente rivalidade geopolítica entre Washington e Pequim.
O congressista republicano John Moolenaar, presidente de um comitê especial sobre a China, comemorou o bloqueio do financiamento e disse que a decisão foi uma “vitória para a segurança nacional”. Moolenaar trabalhou junto à comunidade local para impedir o uso de subsídios federais em empresas com capital chinês.
A controvérsia foi tamanha que, em uma eleição de revogação em 2023, a antiga administração municipal de Green Township que apoiava o projeto foi retirada do poder. Durante as campanhas de 2024, Donald Trump e JD Vance transformaram o caso em um tema eleitoral central, reforçando a rejeição pública à presença de empresas chinesas em setores estratégicos.
Impactos e cenário global
A Gotion, sediada em Hefei, na China, é considerada uma das principais fornecedoras de baterias da Volkswagen. Desde 2020, a montadora alemã detém cerca de 26% a 30% da companhia, e as duas empresas mantêm parcerias tecnológicas em projetos de produção de células na Alemanha, por meio da subsidiária PowerCo.
Com a desistência da planta em Michigan, a expansão da Gotion nos EUA entra em compasso de espera, em um momento em que o país busca reduzir a dependência de componentes importados e fortalecer sua cadeia doméstica de baterias.
Gotion recua de projeto bilionário de fábrica de baterias nos EUA após impasse político e resistência local






























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