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Margem Equatorial: Entre a Riqueza do Passado e a Urgência do Futuro

Por Fernando Caneppele


Margem Equatorial: Entre a Riqueza do Passado e a Urgência do Futuro
Margem Equatorial: Entre a Riqueza do Passado e a Urgência do Futuro

O debate sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial brasileira alcançou um impasse perigoso. De um lado, a promessa de uma nova fronteira de prosperidade energética e desenvolvimento regional; do outro, a urgência inadiável da transição para uma economia de baixo carbono e os riscos em uma área de altíssima sensibilidade ambiental.


Travado entre o desenvolvimentismo do século 20 e a descarbonização do século 21, o Brasil se paralisa em uma polarização que impede a análise pragmática de uma de suas mais estratégicas oportunidades.


Enquanto a discussão se arrasta em Brasília, os fatos se impõem. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estima que a Margem Equatorial pode conter mais de 10 bilhões de barris de petróleo recuperável. Ignorar esse potencial não é uma decisão estratégica, mas uma omissão que pode custar caro ao futuro do país.

Sob a ótica do planejamento energético, o custo de oportunidade de não avançar na pesquisa e exploração dessas reservas é imenso.


O Plano Decenal de Expansão de Energia da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) projeta que, sem a incorporação de novas reservas, a produção nacional de petróleo iniciará um ciclo de declínio já na próxima década. Isso significa que o Brasil, hoje um relevante exportador, arrisca-se a comprometer sua segurança energética e a perder uma fonte crucial de receita para a balança comercial. A transição para uma economia verde é irreversível e prioritária, mas ela demanda trilhões de reais em investimentos. Seria um paradoxo histórico o Brasil abrir mão de recursos que poderiam financiar a própria descarbonização.


Adicionalmente, a questão transcende o petróleo. A Margem Equatorial é uma província com alto potencial para gás natural, recurso fundamental para a estabilidade do sistema elétrico nacional. Em um cenário de crescente penetração de fontes intermitentes como a solar e a eólica, o gás atua como a energia firme que garante o suprimento contínuo, além de ser um insumo vital para a reindustrialização do país, notadamente na produção de fertilizantes.


Abrir mão dessa exploração significa, na prática, aprofundar nossa dependência de gás importado, sujeito a volatilidades geopolíticas, exatamente no momento em que a indústria nacional clama por energia mais barata e confiável.


O verdadeiro debate, portanto, não deveria ser um maniqueísta "explorar ou não explorar", mas sim "como explorar de forma inteligente". A exploração, se os estudos de viabilidade ambiental e técnica o permitirem, precisa vir acompanhada de um pacto nacional. É fundamental que os royalties e as participações governamentais sejam destinados a um fundo soberano, nos moldes do fundo norueguês, mas com um mandato claro: financiar a transição energética justa no Brasil.


Um fundo que invista maciçamente em P&D de energias renováveis, na modernização e digitalização das redes elétricas, no combate à pobreza energética (meta central do ODS 7) e na requalificação da mão de obra da indústria de combustíveis fósseis.


Para ser eficaz, esse fundo precisa de uma governança blindada contra os ciclos políticos, com gestão independente e transparente, auditada pela sociedade civil e por órgãos de controle. O modelo tradicional de repasse de royalties aos cofres de estados e municípios, embora importante, historicamente se mostrou insuficiente para gerar desenvolvimento estrutural de longo prazo. Precisamos de um mecanismo que transforme o óleo finito em conhecimento, tecnologia e infraestrutura perenes.


Enquanto o Brasil hesita, nossos vizinhos avançam. A Guiana, com reservas estimadas em mais de 11 bilhões de barris, já se tornou uma potência petrolífera, com sua produção devendo ultrapassar 1 milhão de barris por dia nos próximos anos. Seu PIB cresce a taxas exponenciais, mas o país enfrenta enormes desafios para gerir essa riqueza súbita e evitar a "Doença Holandesa", que pode apreciar sua moeda e dizimar outros setores da economia.


O Brasil, com sua economia diversificada e instituições mais robustas, tem a obrigação de aprender com a experiência guianense para construir um modelo de governança exemplar, evitando a instabilidade e aprofundando os benefícios sociais.

A decisão sobre a Margem Equatorial é um convite para o Brasil encarar sua complexidade.


Exige rigor científico e técnico do licenciamento ambiental, liderado pelo Ibama, transparência na governança dos recursos e uma visão estratégica que utilize a riqueza do petróleo como a alavanca para a construção de um futuro descarbonizado, próspero e alinhado aos nossos compromissos climáticos. Negar o debate é renunciar à oportunidade de planejar e financiar nosso próprio futuro.


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