Nova norma da ABNT estabelece critérios para inspeção por eletroluminescência em módulos fotovoltaicos e promete mais transparência no mercado solar brasileiro
- Energy Channel United States

- 23 de out.
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A recém-publicada NBR 17258 define parâmetros objetivos para análise da integridade de módulos solares por meio de imagens de eletroluminescência — uma medida que pode elevar o padrão de qualidade e reduzir riscos de produtos com desempenho inferior.

Por Energy Channel - Publicado em 23 de outubro de 2025
O mercado solar brasileiro acaba de ganhar uma importante aliada na busca por mais qualidade e confiabilidade. Entrou em vigor, na última sexta-feira (17), a NBR 17258, nova norma técnica da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que estabelece critérios quantitativos para ensaios de eletroluminescência (EL) em módulos fotovoltaicos.
O anúncio foi tema da nova entrevista do Energy Channel com João Souza, engenheiro e especialista técnico da Ecori Energia Solar, que destacou a importância do documento como um marco para o setor.
“A norma define parâmetros claros de aceitação baseados em imagens de eletroluminescência, algo que até então não existia em nenhum padrão internacional”, explicou João. “Agora, temos uma referência nacional para avaliar, de forma objetiva, a integridade dos módulos e identificar possíveis defeitos ainda na produção ou no transporte.”
O que é o ensaio de eletroluminescência
O teste de eletroluminescência é frequentemente comparado a um “raio-X do módulo solar”. Ele captura imagens em tons de cinza que revelam detalhes invisíveis a olho nu — como microfissuras nas células, falhas de soldagem e diferenças de desempenho entre as células de um mesmo módulo.
Quanto mais uniforme e clara a imagem, melhor o desempenho esperado. A nova NBR 17258 transforma essa análise, antes subjetiva, em um processo quantitativo e padronizado, definindo valores-limite para aceitação ou rejeição de módulos.
Entre os critérios definidos estão:
Diferença máxima de 25% na escala de cinza entre as células para aprovação total do módulo;
Diferenças entre 25% e 40% são aceitáveis apenas em até 10% das células;
Parâmetros adicionais para identificar pontos escuros, bordas danificadas e soldas frias, que indicam falhas estruturais.
Fabricação e controle de qualidade
Segundo João Souza, o teste já é amplamente utilizado por fabricantes — tanto os de boa reputação quanto os que ainda carecem de padrões mais rigorosos. No entanto, faltava um padrão unificado.
“Cada fabricante tinha seu próprio critério. A ABNT reuniu informações de oito empresas diferentes para construir essa norma, criando pela primeira vez uma base comum de comparação”, destacou.
Mesmo com a padronização, o engenheiro ressalta que o teste de eletroluminescência não substitui os demais ensaios de qualidade previstos na norma internacional IEC 61215, que avalia a durabilidade e o desempenho dos módulos em condições reais.
“O ensaio de EL ajuda a identificar problemas como trincas e defeitos de soldagem, mas não determina a potência real do módulo”, explicou. “Ele deve ser usado em conjunto com outros testes, como o flash test, que mede a potência máxima.”
Eletroluminescência não detecta “fake power”
Um ponto importante levantado na entrevista foi o mito de que o ensaio de eletroluminescência seria capaz de detectar módulos com potência falsa, conhecidos como “fake power” — produtos que trazem na etiqueta uma potência superior à real.
“O teste de EL não mede potência. Ele pode indicar uniformidade e qualidade, mas não vai dizer se um módulo rotulado como 600 Wp realmente entrega isso. Quem faz essa verificação é o flash test”, esclareceu João.
Avanço importante, mas que exige fiscalização
A nova norma é vista como um passo significativo para a maturidade do setor solar no Brasil, mas João reforça que apenas a existência de uma norma não é suficiente — é preciso fiscalização e aplicação constante.
“Publicar uma norma não resolve o problema por si só. É essencial que haja fiscalização contínua, especialmente junto a distribuidores e integradores que atendem o consumidor final”, alertou.
Grandes empreendimentos de geração centralizada, que adquirem milhares de módulos diretamente de fabricantes internacionais, já costumam realizar ensaios de eletroluminescência em amostragem no momento do recebimento. Mas o desafio, segundo o especialista, é estender esse controle para todo o mercado, incluindo pequenas instalações e sistemas residenciais.
Um marco para o consumidor e para o mercado
Para o setor, a NBR 17258 representa um avanço na proteção do consumidor e na credibilidade da indústria solar nacional. A Ecori, que tem se destacado como uma das empresas mais ativas na disseminação de conhecimento técnico e combate a práticas desleais, considera a nova norma um passo fundamental rumo a um mercado mais saudável e transparente.
“O maior beneficiado é o consumidor, mas toda a cadeia ganha”, afirmou João. “A padronização cria condições mais justas para quem fabrica com qualidade e entrega o que promete.”
Caminho para um mercado mais sólido
A publicação da NBR 17258 reforça o papel da ABNT na normatização técnica e do Inmetro na fiscalização, criando uma base mais sólida para o crescimento sustentável do setor fotovoltaico no Brasil.
Com o avanço das normas, da fiscalização e da educação técnica, o país dá mais um passo para consolidar um mercado solar confiável, competitivo e alinhado com as melhores práticas internacionais.
Nova norma da ABNT estabelece critérios para inspeção por eletroluminescência em módulos fotovoltaicos e promete mais transparência no mercado solar brasileiro






























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