Reino Unido aposta em “revolução verde” para criar 400 mil novos empregos até 2030
- Energy Channel United States

- 30 de out.
- 3 min de leitura
Plano nacional prevê duplicar a força de trabalho em energia limpa, investir £50 bilhões e garantir condições de trabalho justas e qualificadas

O Reino Unido deu um passo decisivo para consolidar sua posição entre as potências da transição energética global. O governo britânico apresentou o Plano Nacional de Empregos em Energia Limpa, um projeto que pretende gerar 400 mil novos postos de trabalho até 2030, ampliando a força de trabalho do setor para 860 mil profissionais.
A iniciativa faz parte da estratégia do país para se tornar uma “superpotência em energia limpa”, combinando investimentos privados de £50 bilhões com políticas de qualificação técnica, inclusão social e fortalecimento sindical.
Formação e capacitação técnica em larga escala
Um dos pilares do plano é o investimento em formação profissional voltada à transição energética. O governo vai criar cinco Institutos de Excelência Técnica dedicados a cursos em engenharia elétrica, construção sustentável, soldagem e gestão de projetos.
Mais de £100 milhões serão aplicados em capacitação técnica, enquanto outros £1,2 bilhão anuais serão destinados à expansão de programas educacionais que beneficiarão 1,3 milhão de jovens até o final da década.
Ao todo, 31 ocupações prioritárias foram identificadas — de encanadores e eletricistas a engenheiros e gestores — representando quase 40% dos futuros empregos diretos no setor.
Novas oportunidades regionais e requalificação de trabalhadores
A demanda por profissionais será especialmente forte na Escócia, no leste da Inglaterra e no noroeste britânico, cada uma com potencial de criar entre 50 mil e 60 mil empregos diretos.
Regiões industriais tradicionais estão recebendo investimentos bilionários que reforçam essa tendência. O projeto nuclear Sizewell C, em Suffolk, deve empregar 10 mil pessoas no pico da construção, enquanto os complexos de captura de carbono Acorn e Viking deverão gerar 35 mil vagas combinadas.
Para apoiar a transição de trabalhadores de combustíveis fósseis para energias limpas, o governo destinou £20 milhões à requalificação de profissionais do setor de petróleo e gás, especialmente na Escócia e no Mar do Norte.
O programa Energy Skills Passport, criado para facilitar a migração de engenheiros offshore para as renováveis, será ampliado para os setores nuclear e de redes elétricas.
Trabalho justo e inclusão social
Mais do que criar empregos, o plano busca garantir condições de trabalho dignas, bem remuneradas e sindicalizadas. Uma nova Carta do Trabalho Justo, elaborada em parceria com sindicatos e empresas do setor eólico, vai vincular o acesso a incentivos públicos a salários justos, negociação coletiva e direitos trabalhistas robustos.
A legislação também será atualizada para equiparar as proteções trabalhistas dos empregados offshore às do setor de petróleo e gás, estendendo o salário mínimo nacional para além das águas territoriais britânicas.
O secretário de Energia, Ed Miliband, destacou que o plano é “pró-trabalhador, pró-emprego e pró-sindicato”, ressaltando que “a energia limpa é a resposta para levar trabalho bom e seguro a todas as regiões do país”.
Inclusão de jovens, veteranos e ex-detentos
O governo britânico também incluiu metas de mobilidade social na estratégia. Programas especiais vão oferecer oportunidades de requalificação a veteranos das Forças Armadas, jovens recém-formados e ex-detentos, grupos identificados como tendo habilidades transferíveis relevantes para o setor de energia limpa.
Estudos oficiais mostram que os cargos de nível inicial no setor pagam 23% a mais do que funções equivalentes em outras áreas, tornando a energia limpa uma porta de entrada para o crescimento econômico e social.
Um modelo global de transição justa
Embora o Reino Unido ainda esteja atrás da Alemanha e da Escandinávia em densidade de empregos verdes, o novo plano busca reduzir essa distância com uma política industrial coordenada e focada na transição justa conceito que alia descarbonização e inclusão econômica.
O Escritório de Empregos em Energia Limpa, criado para supervisionar a implementação do programa, atuará na coleta de dados, integração de políticas e articulação entre governo, empresas e sindicatos.
Com isso, o país oferece previsibilidade aos investidores e um roteiro de crescimento sustentável, posicionando-se como um dos principais polos de inovação, tecnologia e trabalho qualificado no cenário global de energia limpa.
“Empregos em energia limpa estão por toda parte em comunidades costeiras, cidades e polos industriais. Este plano leva oportunidades diretamente à porta das pessoas”, concluiu Miliband.
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