Telhados que incomodam porque libertam
- Energy Channel United States

- 16 de out.
- 2 min de leitura
Por Daniel Lima – ECOnomista

No Brasil, os telhados começaram a ter voz.
Não com palavras, mas gerando energia. Painéis silenciosos, reluzentes, se espalharam como girassóis urbanos, apontando para o céu e dizendo: “Aqui, quem gera energia sou eu.”
Foi aí que começou o incômodo.
Os gestores do sistema elétrico, acostumados a ditar regras do alto de suas torres de comando, sentiram um arrepio. Não era blackout — era participação. A sociedade, antes espectadora, agora queria palco. E microfone. E ata da reunião.
A ANEEL, que antes recebia meia dúzia de técnicos em suas audiências públicas, viu surgir uma multidão de cidadãos com argumentos, planilhas e indignação.
No Congresso, parlamentares passaram a ouvir não só os lobistas, mas também os consumidores — aqueles que, até então, só eram importantes para pagar a conta de luz.
A geração distribuída virou símbolo. Não era só energia solar: era autonomia, era descentralização, era o fim do monopólio da narrativa. Cada telhado era um grito silencioso contra a lógica de que só os grandes sabiam o que era melhor para os pequenos.
E os gestores? Ah, os gestores...
Chamaram de “desorganização do sistema”, de “risco à estabilidade”, de “injustiça tarifária”, de “coisa de rico”. Mas o que doía mesmo era a perda do controle. Porque quando o povo entende de energia, começa a entender de política energética. E quando entende de política energética, começa a perguntar demais.
Por que pagar tão caro por um serviço essencial? Por que não pode vender o excedente? Por que a regra mudou justo quando ele investiu? Por que o sol, que é de todos, parece ter dono? Por que o “dono” quer cobrar pelo que a natureza oferece graciosamente?
No fundo, o incômodo não era técnico. Era pela perda do poder. Era ver o cidadão subir no telhado e, de lá, enxergar o sistema inteiro.
Telhados que incomodam porque libertam






























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