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- O Sol Sob Nuvens: A Encruzilhada Regulatória da Energia Solar no Brasil
Por Daniel Pansarella O Sol Sob Nuvens: A Encruzilhada Regulatória da Energia Solar no Brasil O Brasil vive um paradoxo solar. De um lado, celebramos a marca impressionante de mais de 59 GW de capacidade instalada, somando geração centralizada e distribuída, um feito que nos posiciona como protagonistas globais na transição energética e que foi responsável pela criação de mais de 1,7 milhão de empregos acumulados, segundo dados da ABSOLAR. Do outro, uma nuvem de incerteza, densa e carregada de instabilidade regulatória, ameaça ofuscar o brilho de um dos setores mais dinâmicos da nossa economia. A Medida Provisória (MP) 1304, em tramitação no Congresso, é o novo epicentro deste temor, e seus efeitos já são sentidos: empresas estrangeiras começam a fechar escritórios, investimentos são suspensos e o fantasma do desemprego volta a assombrar milhares de famílias. O debate em torno da MP 1304 é complexo e revela a colisão de duas realidades. O governo, por meio do parecer do Senador Eduardo Braga, argumenta que as medidas são cruciais para frear a escalada da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que atingiu a cifra alarmante de R$ 49,2 bilhões em 2025, e para modernizar a infraestrutura elétrica do país. A proposta de um teto para a CDE e a criação de incentivos fiscais para sistemas de armazenamento de energia (baterias) são, inegavelmente, passos técnicos importantes e necessários para a segurança e flexibilidade do sistema. Contudo, a forma como se pretende alcançar esses objetivos está gerando uma onda de choque no mercado. A realidade do setor, que investiu e planejou seus negócios com base em um marco legal estabelecido (Lei 14.300/2022), é de profunda insegurança jurídica. A proposta de antecipar o fim de benefícios e, principalmente, a criação de uma nova cobrança de R$ 20,00 a cada 100 kWh compensados para novos projetos de geração distribuída, é vista pelas associações do setor como uma "dupla cobrança" e um "duro golpe" que pode inviabilizar a expansão da modalidade. Ponto da MP 1304/PLV Perspectiva do Governo (Parecer) Perspectiva do Mercado (Críticas) Teto para a CDE Controlar o aumento exponencial dos encargos e aliviar a conta de luz do consumidor. Criação do Encargo de Complemento de Recursos (ECR), que pode transferir custos e gerar imprevisibilidade. Nova Cobrança (GD) Não abordado diretamente no parecer, mas parte das discussões para equilibrar o sistema. Considerada uma "dupla cobrança" que quebra a isonomia e a segurança jurídica da Lei 14.300. Incentivos ao Armazenamento Modernizar a rede, aumentar a flexibilidade e confiabilidade do sistema elétrico. Amplamente elogiado como um avanço necessário, mas que não compensa a instabilidade gerada em outras áreas. Segurança Jurídica O parecer afirma respeitar os contratos existentes e o marco legal vigente. O mercado sente que as regras estão sendo alteradas no meio do jogo, minando a confiança de quem investiu. Essa sensação de instabilidade não é apenas retórica. Ela tem consequências concretas. Recentemente, a multinacional alemã BayWa re Solar Trade anunciou sua retirada das operações no Brasil, citando, entre os motivos, a necessidade de focar em mercados com "maior potencial de crescimento sustentável" e os "desafios ainda maiores no Brasil devido a mudanças legislativas constantes". É um sinal de alerta impossível de ignorar. O capital é avesso ao risco, e o maior risco para qualquer investidor de longo prazo é a imprevisibilidade regulatória. Quando uma empresa estrangeira faz as malas, o impacto é local e imediato. A alegação de que milhares de empregos foram ceifados nos últimos meses reflete a paralisação de projetos e a retração de empresas que, sem um horizonte claro, pisam no freio. Conforme alerta a Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), a medida pode ser um "desastre para o mercado", um "desincentivo gigantesco" que afeta diretamente quem já investiu e desestimula novas instalações. O governo não está errado em buscar soluções para a modicidade tarifária e a robustez do sistema elétrico. Os desafios técnicos são reais: o Brasil enfrenta cortes crescentes de geração solar e eólica (curtailment) por falta de infraestrutura adequada para absorver a energia intermitente, com estados como Minas Gerais chegando a cortar 39% da geração solar em momentos críticos. O sistema precisa de flexibilidade, armazenamento e modernização. O erro reside na aparente falta de coordenação e na escolha de um caminho que penaliza justamente o agente que mais tem contribuído para a descentralização e democratização da energia no Brasil: o cidadão e o empreendedor que investiram em sua própria geração. A geração distribuída, com seus mais de 3 milhões de pequenas usinas, alivia a carga sobre as redes, reduz perdas elétricas e gera economia para milhões de brasileiros, um benefício que parece ser subestimado na equação do Ministério da Fazenda. É preciso ser realista: o governo não vai simplesmente deixar seguir como está. A pressão fiscal é real, a CDE está insustentável e o sistema elétrico enfrenta desafios técnicos concretos com a intermitência das renováveis. O problema não é a necessidade de ajustes, mas a forma como estão sendo conduzidos. O momento exige resiliência do setor, mas, acima de tudo, segurança jurídica e diálogo genuíno entre governo e mercado. O setor solar não clama por subsídios eternos, mas por regras claras e estáveis que permitam planejar investimentos de longo prazo. As alterações propostas pela MP 1304, embora contenham méritos técnicos importantes como o incentivo às baterias e o teto para a CDE, estão afugentando investimentos e colocando em risco um legado de crescimento e inovação. A questão central é: como equilibrar a necessidade de modernização do sistema com a preservação da confiança dos investidores? Não se constrói uma potência energética sustentável sobre as areias movediças da incerteza. O Congresso Nacional tem agora a responsabilidade de encontrar um equilíbrio que não sufoque o sol com a burocracia e a ingerência, mas que também não ignore as necessidades reais de ajuste do sistema elétrico. O desafio é grande, mas não intransponível. O futuro do setor, e de milhares de empregos, depende dessa capacidade de construir pontes entre as necessidades fiscais do Estado e a confiança necessária para atrair e manter investimentos privados. O Sol Sob Nuvens: A Encruzilhada Regulatória da Energia Solar no Brasil
- Empresa inova ao utilizar borra de café como matéria-prima para produção de biomassa em forma de pellets
Projeto de crédito de carbono foi criado durante a pandemia Empresa inova ao utilizar borra de café como matéria-prima para produção de biomassa em forma de pellets A preocupação com o meio ambiente se tornou pauta global a partir da década de 1970. Desde então, diversas ações têm sido empregadas, em um esforço mundial para combater as mudanças climáticas. Em 1997, por exemplo, foi criado um sistema de incentivos para que países e empresas adotassem práticas mais sustentáveis: a geração de crédito de carbono. No Brasil, existem vários projetos voltados para a geração de crédito de carbono, muitos focados em reflorestamento. De acordo com o Painel de Carbono Florestal (Idesam), 99% dos créditos têm emissão na Amazônia Legal. Porém, mesmo que a Amazônia detenha a maior parte desses projetos, há muitos deles sendo desenvolvidos no país. Entre eles, destaque para um projeto criado no Paraná, em 2019, no início da pandemia da covid-19. Pellets a partir da borra de café O corretor de proteína animal, Luiz Zolet, com o isolamento imposto pela covid-19, começou a pensar em uma outra forma de renda. Ao recolher o lixo de uma vizinha, que havia sido revirado por um cachorro, ele deixou pra trás um filtro de café com a borra, pois o mesmo estava úmido. Vários dias depois, incomodado com aquele resíduo exposto, o corretor resolveu recolhê-lo, e reparou que a borra havia secado. Foi nesse momento que bateu um insight: e se essa borra de café pudesse ser reaproveitada de alguma forma? A partir dessa ideia, Zolet começou, por conta própria, a fazer pesquisas que pudessem ajudá-lo a descobrir como esse resíduo poderia ser reaproveitado. Afinal, cerca de 8 mil toneladas de borra de café são descartadas por dia no Brasil. Um volume muito grande para ter como destino apenas o aterro sanitário. Com a ajuda de um laboratório, realizou a caracterização da borra de café e viu que poderia separar um óleo. Mas o processo para a separação de misturas tornou-se economicamente inviável. Mas Zolet não desistiu e continuou com as pesquisas. Dessa forma, ele chegou ao desenvolvimento de pellets a partir da borra de café. A ideia prosperou e Zolet conseguiu que a ideia se tornasse parte, por um período de seis meses, de uma incubadora de empresas no Paraná, como startup de inovação. Com o incentivo financeiro do governo do Paraná, começou a produzir biomassa em forma de pellets, utilizando como matéria-prima a borra de café instantâneo. Estava criada, oficialmente, a empresa Bricoffee, em março de 2022. “A decomposição de borra de café leva de 50 a 60 dias. Com o desenvolvimento de pellets, a Bricoffee tira do meio ambiente um passivo ambiental muito grande e transforma esse resíduo em biocombustível para que possa ser utilizado por pequenas, médias e grandes indústrias”, explica o empresário. Em agosto de 2024, no entanto, o empresário resolveu, mais uma vez inovar ao transferir a sede da empresa para Varginha, no sul de Minas Gerais. De acordo com Zolet, o volume de matéria-prima necessário para transformar o resíduo em pellet é muito grande e a cidade possui grandes empresas fornecedoras. Patente requerida Ainda em 2022, outro passo importante foi dado com o pedido de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). De acordo com Zolet, a solicitação foi baseada na inovação ao se utilizar a borra de café como matéria-prima. “O processo de peletização e extrusão utilizado com base no reaproveitamento de subprodutos, especificamente a borra de café, resíduos agrícolas, agroindustriais e florestais, além de permitir uma redução no impacto ambiental, gera um combustível sólido com alto poder calorífico, superior aos de pinus e eucalipto, sendo uma fonte de energia limpa”. Os pellets são chamados de lenhas ecológicas, pois são queimados em substituição à lenha, evitando dessa forma o desmatamento. Podem ser aplicados em vários tipos de atividades industriais, comerciais e até residenciais, como aquecimento de aviários, aquecimento de água em hotéis e clubes, fornos industriais e comerciais, bem como aquecimento de ambientes residenciais. “Atualmente, a Bricoffee tem capacidade de produção de 12 toneladas/dia de pellets. Mas já estamos com um projeto para ampliar a empresa com mais uma linha de produção e aumentar nossa capacidade produtiva para algo em torno de 20 a 25 toneladas/dia. Nossa expectativa é que essa nova linha esteja pronta até junho de 2026 e, assim, possamos reduzir de forma gigante esses resíduos de café”, finaliza Zolet. Empresa inova ao utilizar borra de café como matéria-prima para produção de biomassa em forma de pellets
- Agenda 2050 propõe ações para descarbonizar e (neo)industrializar o Brasil
Estudo lançado durante o Brazil Windpower 2025 indica que a descarbonização industrial pode gerar 19 GW adicionais de demanda por energia limpa e elevar o PIB em até 6,8% Agenda 2050 propõe ações para descarbonizar e (neo)industrializar o Brasil São Paulo, 29 de outubro de 2025 – O relatório “Agenda 2050: Propostas para descarbonizar e (neo)industrializar o Brasil”, lançado durante o Brazil Windpower 2025, projeta que a transição energética e a reindustrialização verde podem adicionar 19 gigawatts (GW) à demanda nacional de energia e ampliar o Produto Interno Bruto (PIB) em até 6,8% nas próximas duas décadas. Coordenado pelo economista Luciano Coutinho, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o estudo foi desenvolvido com apoio técnico da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica). A pesquisa aponta que a eletrificação de processos industriais, a adoção de combustíveis limpos e a expansão das renováveis são pilares para um novo ciclo de crescimento produtivo e competitivo. Eólica como motor da nova industrialização O relatório mostra que o Brasil conta hoje com 36 GW de capacidade instalada em energia eólica, colocando o país entre os seis maiores produtores do mundo. Cada real investido no setor gera três vezes mais impacto econômico agregado do que a média de outros segmentos.Nos municípios que receberam empreendimentos eólicos, o crescimento econômico foi 21% superior e o IDH, 20% maior, reforçando os efeitos sociais da geração limpa. A Agenda 2050 também estima que o avanço da eletromobilidade, da produção de hidrogênio verde e da descarbonização da indústria pesada criará demanda adicional de até 19 GW em novas fontes renováveis até 2040, consolidando o setor eólico como vetor estratégico da reindustrialização verde. Competitividade e segurança energética Durante a apresentação, Luciano Coutinho afirmou que o Brasil reúne condições únicas para liderar a descarbonização industrial. “A eletrificação da economia é inevitável. O país precisa acelerar investimentos, modernizar a regulação e converter energia limpa em vantagem competitiva global”, disse. Coutinho também destacou que a descarbonização total da indústria brasileira até 2040 depende de incentivos temporários e de uma política energética rebalanceada para reduzir distorções entre fontes renováveis e térmicas. “A energia verde deve ser o núcleo de uma nova política industrial”, afirmou. Eólica offshore: diversificação e escala Para Julia Paletta, Country Head for Brazil da Ocean Energy Pathway (OEP), a eólica offshore amplia a segurança energética e reduz a pressão sobre o uso da terra. Ela lembrou que o setor vive um momento de rápida escalabilidade global, impulsionado por investimentos da China, que já reformula mais de 3 000 GW de capacidade elétrica renovável.“O Brasil pode atender sua demanda interna e se tornar fornecedor global de energia limpa. É hora de transformar nossas vantagens naturais em vantagens competitivas”, afirmou. Rumo a uma política industrial verde O documento propõe a criação de um Plano Nacional de Descarbonização Industrial, com metas para eletrificação de processos, incentivo à inovação tecnológica e mecanismos de exportação de equipamentos e serviços da cadeia eólica. Também recomenda novos instrumentos de financiamento e integração entre políticas de energia, indústria e meio ambiente. 📅 Confira a programação completa: https://www.brazilwindpower.com.br/pt/congresso.html 📰 Credenciamento à imprensa: https://www.brazilwindpower.com.br/pt/imprensa.html Serviço:Brazil Windpower 2025Data: 28 a 30 de outubro de 2025 Local: São Paulo Expo – São Paulo/SP Mais informações: www.brazilwindpower.com.br Sobre a Informa Markets A Informa Markets conecta pessoas e mercados por meio de soluções digitais, conteúdo especializado, feiras de negócios, eventos híbridos e inteligência de mercado, construindo uma jornada de relacionamento e negócios entre empresas e mercados 365 dias por ano. Presente em mais de 30 países, atua há mais de 29 anos na América Latina e conta hoje com três unidades de negócios: Brasil, México e Latam Hub, responsáveis pela entrega de mais de 30 eventos híbridos, portais de notícia e plataformas digitais de conexão e negócios.Para saber mais, acesse: www.informamarkets.com.br Sobre a ABEEólica A Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica) congrega mais de 140 empresas de toda a cadeia produtiva do setor eólico e tem como principal objetivo trabalhar pelo crescimento, consolidação e sustentabilidade dessa indústria no Brasil. www.abeeolica.org.br Sobre o GWEC O GWEC é uma organização baseada em membros que representa todo o setor de energia eólica. Os membros do GWEC representam mais de 1.500 empresas, organizações e instituições em mais de 80 países, incluindo fabricantes, desenvolvedores, fornecedores de componentes, institutos de pesquisa, associações nacionais de energia eólica e renovável, fornecedores de eletricidade, empresas financeiras e de seguros. https://gwec.net Agenda 2050 propõe ações para descarbonizar e (neo)industrializar o Brasil
- Primeiro dia de Intersolar Summit Sul 2025 empolga mercado regional de energia solar fotovoltaica
Abertura do evento, nesta terça (28/10), em Porto Alegre, debateu o atual cenário da geração distribuída no país, seus desafios e oportunidades. Créditos da imagem | Carol Negreiro | Exposição e congresso reúnem algumas das principais empresas do setor. “O Brasil dispõe de um enorme potencial solar, mas a expansão exige esforços, inovação e coragem”. Com essas palavras, o CEO da empresa alemã Solar Promotion International GmbH,Dr. Florian Wessendorf, deu as boas-vindas aos participantes da segunda edição do Intersolar Summit Brasil Sul 2025, um dos principais eventos do setor de energia fotovoltaica do País, que ocorre entre hoje e amanhã em Porto Alegre, no Centro de Eventos da FIERGS. Na abertura do Congresso, entre alguns dos dados que chamaram a atenção, está o fato do Estado do Paraná ter crescido em geração distribuída e, junto ao Rio Grande do Sul, colocou a região Sul ocupando os primeiros lugares na produção nacional de energia solar fotovoltaica. As participações do presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, do consultor especialista no tema, Celso Mendes, e do diretor-geral da NewCharge Energy, Markus Vlasits, marcaram questões de como e de por que é preciso debater e tomar decisões sobre a expansão da energia solar de modo “descontaminado” das questões políticas. “A energia elétrica de fonte renovável como a solar é democrática e já está madura o suficiente para que o acesso seja cada vez mais difundido”, comentou Celso Mendes. Para o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia, o momento é de mudar. “Sempre ouvimos falar que o Brasil é um País com potencial fotovoltaico enorme. Pois, passou da hora de deixar a inovação tecnológica aflorar em favor do desenvolvimento”, disparou. Segundo ele, hoje o Brasil tem 258 gigawatts de potência instalada na matriz como um todo. 61,8 gigawatts são da fonte solar fotovoltaica, então, ela representa 24% da matriz elétrica. É a segunda maior fonte do Brasil atrás das hidrelétricas. “Foram mais de 277 bilhões de reais em investimentos na fonte solar no país nos últimos 13 anos, atraindo 1,8 milhão de empregos. Só no ano passado foram gerados por volta de 450 mil novos empregos pela fonte solar, e isso também ajudou a evitar 96 milhões de toneladas de CO2 a serem emitidos na atmosfera”, disse. A energia solar na Região Sul Sauaia destacou, também, o panorama do Sul do Brasil. Segundo ele, são 9 gigawatts em operação nos três estados, 43 bilhões em investimentos trazidos pelo setor solar, 270 mil empregos gerados no histórico acumulado dos últimos 13 anos e 13 bilhões de reais em arrecadação. “O estado do Paraná lidera a região Sul em terceiro lugar no ranking nacional com 3,8 gigawatts. O Rio Grande do Sul está atualmente em quarto lugar, com 3,5 gigawatts, e Santa Catarina está atualmente em décimo primeiro no ranking com 1,5 gigawatts em operação”, explica. Sobre a energia produzida na região Sul, 45% dessa potência solar distribuída está em telhados de residências, 22% em empresas de comércio e serviço, 21% em produtores rurais, e 10% em pequenas indústrias. O executivo aponta que os principais gargalos que o setor enfrenta são a inversão de fluxo de potência no caso da geração solar de pequeno porte, destacando um risco de mudanças no arcabouço legal e regulatório desfavoráveis, “Temos a necessidade de mais fiscalização sobre as distribuidoras e no quesito da concorrência, para que haja uma concorrência mais adequada entre pequenos e grandes negócios, e também a falta do cálculo dos benefícios e custos da geração distribuída que está previsto em lei que precisa ser feito pela agência nacional de energia elétrica”, detalha. Outro ponto levantado foi os cortes de geração em usinas de grande porte. “Isso tem imposto um severo prejuízo para as usinas solares de grande porte, incompatível com os investimentos e com as regras que estavam em vigor quando essas usinas foram construídas. A gente tem acompanhado muito de perto esses temas junto ao governo federal, a ANEEL, o Congresso Nacional, para buscar resolver esses gargalos para o mercado e para o setor”, completa. Alerta estratégico e futuro - Conforme o diretor-geral da NewCharge Energy, Markus Vlasits, o Brasil caminha para um cenário de colapso do sistema interligado nos próximos anos. “Estamos caminhando para um impasse. A triste realidade, é que o sistema elétrico brasileiro não está preparado para o montante de energia renovável que somos capazes de criar. Estou muito preocupado com os cenários de colapso físico do sistema interligado e do colapso financeiro de empresas em 2026 e 2027. Precisamos repensar como precificamos a energia elétrica. Mas também temos soluções, capacidade de inovar e de superar as adversidades”, frisa. Em sua segunda edição regional, após ter estreado em 2023 e cancelado no ano passado devido às consequências da enchente histórica no Rio Grande do Sul, o Intersolar Summit Brasil Sul 2025 se estende até esta quarta-feira (29) com uma vasta programação que inclui palestras técnicas, painéis de debate, apresentações de projetos inovadores e uma feira com expositores de diferentes segmentos do setor. A programação completa do Congresso pode ser conferida em: https://www.intersolar-brasil.com/sul/programa-do-congresso . Serviço Quando: 28 e 29 de outubro de 2025 / Onde: Centro de Eventos da Fiergs – Av. Assis Brasil, 8787 – Sarandi – Porto Alegre/RS Exposição: 10h às 19h - ENTRADA GRATUITA Congresso: 10h30 às 17h30 CONGRESSO: 29/10: R$ 580,00 MINICURSOS: 29/10: R$ 230,00 Organização e Realização: Solar Promotion Internacional e Aranda Eventos e Congressos. Primeiro dia de Intersolar Summit Sul 2025 empolga mercado regional de energia solar fotovoltaica
- Abertura do Brazil Windpower 2025 reforça aliança entre governos e setor produtivo pela transição energética e pela industrialização verde
Evento reúne governadores, ministros e lideranças internacionais e lança a "Agenda 2050", estudo que propõe caminhos para descarbonizar e (neo)industrializar o Brasil Abertura do Brazil Windpower 2025 reforça aliança entre governos e setor produtivo pela transição energética e pela industrialização verde O primeiro dia do Brazil Windpower 2025, maior evento de energia eólica da América Latina, foi marcado pelo lançamento do estudo “Agenda 2050: Propostas para descarbonizar e (neo)industrializar o Brasil” e pela assinatura da Carta da Coalizão dos Projetos Eólicos Offshore, firmada pelos governos do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Organizado pela Informa Markets e coorganizado pela Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica) e o Global Wind Energy Council (GWEC), o encontro reuniu autoridades federais, estaduais e lideranças internacionais em torno de uma agenda comum de desenvolvimento sustentável e industrialização verde. A presidenta do Conselho da ABEEólica, Laura Porto, defendeu medidas urgentes para restabelecer o equilíbrio econômico e regulatório do setor.“Vivemos um momento crítico. A indústria enfrenta restrições de transmissão, cortes de geração e insegurança regulatória. Precisamos agir e agir já”, afirmou.Na sequência, a presidente-executiva da entidade, Elbia Gannoum, lançou o Manifesto da Indústria de Energia Eólica, destacando a urgência de uma retomada sustentável e o papel estratégico do setor na COP30.“O vento é vetor de desenvolvimento, soberania e oportunidade. A energia eólica simboliza uma transição que é ambiental, econômica e social”, declarou. Governos reforçam o papel dos estados na transição energética O evento contou com a presença dos governadores Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte), Jerônimo Rodrigues (Bahia) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), além do representante do Governo do Rio de Janeiro, Sérgio Coelho, e do ministro dos Transportes, Renan Filho, representando o Governo Federal. Fátima Bezerra, que governa o estado responsável por 32% da geração eólica nacional, defendeu que a transição energética também deve ser social e inclusiva. “O vento que sopra no nosso litoral precisa gerar emprego, renda e oportunidades reais de transformação”, disse. Jerônimo Rodrigues, governador da Bahia, apresentou o avanço do Proterner, política estadual de transição energética, e destacou a atuação conjunta do Consórcio Nordeste. Segundo ele, a energia eólica interioriza o desenvolvimento e deve garantir que as comunidades recebam benefícios diretos da nova economia. Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, afirmou que o país deve agir agora para se posicionar globalmente. O estado possui 50 projetos licenciados e 16 GW em desenvolvimento onshore, além de potencial superior a 100 GW offshore. “A transição energética é uma oportunidade enquanto for transição. Quando o mundo completar essa jornada, quem não tiver agido agora ficará para trás”, pontuou. Representando o Governo do Rio de Janeiro, Sérgio Coelho destacou a importância da indústria marítima e do desenvolvimento de cadeias produtivas locais: “A energia offshore é uma nova fronteira de desenvolvimento. Estamos unindo tecnologia, sustentabilidade e geração de empregos qualificados”, afirmou. Agenda 2050 propõe nova política industrial verde A diretora do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciana Costa, lembrou que o banco financiou quase 50% da capacidade eólica instalada no Brasil e segue apoiando a expansão onshore e offshore. Ela afirmou que o país entra agora em uma nova fase de investimento. “O Brasil já fez a primeira onda da transição energética. O desafio agora é financiar a segunda, com infraestrutura, dados, hidrogênio verde e data centers hyperscale”, disse. O economista Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES, apresentou o estudo “Agenda 2050”, que propõe medidas para eletrificar processos industriais e impulsionar a neoindustrialização verde. O relatório estima que o Brasil pode gerar 19 gigawatts (GW) adicionais de demanda por energia limpa e elevar o PIB em até 6,8% até 2040 com a descarbonização da indústria. Segundo Coutinho, cada investimento em energia eólica gera três vezes mais impacto econômico que a média de outros setores, e municípios com parques eólicos crescem 21% mais rápido, com IDH 20% superior à média nacional. Expansão onshore e offshore A diretora do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciana Costa, destacou que o banco financiou quase 50% da capacidade eólica instalada no Brasil e segue apoiando a expansão onshore e offshore. “O Brasil já fez a primeira onda da transição energética. O desafio agora é financiar a segunda, com infraestrutura, dados, hidrogênio verde e data centers hyperscale.” O economista Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES, apresentou o relatório “Agenda 2050”, que propõe medidas para eletrificar processos industriais e impulsionar a neoindustrialização verde.O estudo aponta que o Brasil pode gerar 19 gigawatts (GW) adicionais de demanda por energia limpa e elevar o PIB em até 6,8% até 2040 com a descarbonização da indústria. Segundo Coutinho, cada investimento em energia eólica gera três vezes mais impacto econômico que a média de outros setores, e municípios com parques eólicos crescem 21% mais rápido, apresentando IDH 20% superior. Setor privado reforça competitividade e inovação Durante o painel de lançamento, a executiva Julia Paletta, Country Head da Ocean Energy Pathway (OEP), defendeu que a energia eólica offshore deve ser a âncora da estratégia de Power Shoring , posicionando o Brasil como fornecedor global de energia limpa. “A energia eólica é uma oportunidade econômica e de resiliência. É hora de transformar nossas vantagens naturais em vantagens competitivas”, disse. O CEO do Global Wind Energy Council (GWEC), Ben Backwell, reforçou que a transição energética é um caminho irreversível e que o Brasil deve manter o foco em tecnologias de futuro.“O país tem os melhores recursos eólicos e solares do mundo. Voltar ao passado é desperdiçar uma vantagem que nenhum outro possui”, afirmou. Brasil chega à COP30 com protagonismo renovado Encerrando a cerimônia, Elbia Gannoum destacou que o Brasil chega à COP30, que será realizada em Belém (PA), como referência global em energia limpa e inovação.“O Brasil tem a matriz elétrica mais renovável do mundo. O vento que sopra aqui é o mesmo que move o planeta rumo à descarbonização”, afirmou. Com mais de 36 GW de capacidade instalada e uma cadeia produtiva 80% nacionalizada, o país consolida sua posição como líder em energia eólica na América Latina e reforça o papel da indústria como motor da transição energética, da geração de empregos e da nova industrialização verde. 📅 Confira a programação completa: https://www.brazilwindpower.com.br/pt/congresso.html 📰 Credenciamento à imprensa: https://www.brazilwindpower.com.br/pt/imprensa.html Serviço:Brazil Windpower 2025Data: 28 a 30 de outubro de 2025 Local: São Paulo Expo – São Paulo/SP Mais informações: www.brazilwindpower.com.br Sobre a Informa Markets A Informa Markets conecta pessoas e mercados por meio de soluções digitais, conteúdo especializado, feiras de negócios, eventos híbridos e inteligência de mercado, construindo uma jornada de relacionamento e negócios entre empresas e mercados 365 dias por ano. Presente em mais de 30 países, atua há mais de 29 anos na América Latina e conta hoje com três unidades de negócios: Brasil, México e Latam Hub, responsáveis pela entrega de mais de 30 eventos híbridos, portais de notícia e plataformas digitais de conexão e negócios.Para saber mais, acesse: www.informamarkets.com.br Sobre a ABEEólica A Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica) congrega mais de 140 empresas de toda a cadeia produtiva do setor eólico e tem como principal objetivo trabalhar pelo crescimento, consolidação e sustentabilidade dessa indústria no Brasil. www.abeeolica.org.br Sobre o GWEC O GWEC é uma organização baseada em membros que representa todo o setor de energia eólica. Os membros do GWEC representam mais de 1.500 empresas, organizações e instituições em mais de 80 países, incluindo fabricantes, desenvolvedores, fornecedores de componentes, institutos de pesquisa, associações nacionais de energia eólica e renovável, fornecedores de eletricidade, empresas financeiras e de seguros. https://gwec.net Abertura do Brazil Windpower 2025 reforça aliança entre governos e setor produtivo pela transição energética e pela industrialização verde
- Reforma do setor elétrico incorpora medidas para gás natural e petróleo em novo relatório do Senado
Proposta de Eduardo Braga amplia escopo da MP 1304/2025, inclui incentivos para armazenamento de energia e redefine regras para royalties e gasodutos. Foto: Andressa Anholete /Agência Senado | Reforma do setor elétrico incorpora medidas para gás natural e petróleo em novo relatório do Senado A Medida Provisória 1304/2025, inicialmente voltada à modernização do setor elétrico, ganhou contornos mais amplos com a inclusão de dispositivos que impactam diretamente a indústria de petróleo e gás natural. O relatório, apresentado nesta terça-feira (28) pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) à Comissão Mista do Congresso, propõe desde novos mecanismos de financiamento para gasodutos até a revisão do cálculo de royalties sobre o petróleo produzido no país. Entre os principais pontos do novo texto, está a autorização para que recursos do Fundo Social sejam utilizados em linhas de crédito voltadas a projetos de “infraestrutura estratégica no setor de gás natural” . O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ficará responsável por definir os critérios e diretrizes que enquadram os empreendimentos nessa categoria. Braga também propõe que o CNPE estabeleça limites de reinjeção de gás natural nos projetos de exploração e produção, especialmente nas áreas que ainda serão leiloadas. A prática — usada pela indústria para manter a pressão dos reservatórios e reduzir emissões — tem sido alvo de debate por limitar a oferta de gás ao mercado brasileiro. “A intenção é garantir que parte desse gás seja efetivamente disponibilizada para consumo interno, fortalecendo a segurança energética nacional”, argumentou Braga durante a leitura do relatório. Outro ponto sensível é a proposta de revisão do preço de referência do petróleo utilizado no cálculo de royalties, que passaria a ser regulamentado por decreto presidencial. A medida tende a ampliar a base de arrecadação, o que preocupa as empresas produtoras. Em nota, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) expressou “profunda preocupação” com o dispositivo. Incentivos ao armazenamento e abertura do mercado livre O relatório também trouxe novidades para o setor elétrico, com incentivos inéditos à adoção de sistemas de armazenamento de energia . A proposta prevê isenção total de tributos federais para a compra e importação de baterias, limitada a R$ 1 bilhão em renúncia fiscal . A medida responde a uma demanda antiga do setor, que enfrenta custos elevados para importar equipamentos de armazenamento. Outra frente de destaque é a abertura total do mercado livre de energia para consumidores de baixa tensão, que deverá ocorrer em até três anos após a sanção da lei . A mudança é vista como um passo fundamental para ampliar a concorrência e oferecer mais opções aos consumidores residenciais e pequenos negócios. Termelétricas e indenizações O texto resgata ainda o polêmico dispositivo de contratação obrigatória de termelétricas , um tema que vem sendo debatido desde a privatização da Eletrobras. O relatório prevê penalidades por improbidade administrativa caso as contratações previstas não sejam efetivadas. No que diz respeito às indenizações por cortes de geração , Braga propõe que elas ocorram apenas em casos de desequilíbrio elétrico comprovado , sem que os recursos sejam retirados da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) . “O risco energético é do gerador”, destacou o senador. A leitura do relatório levou a um pedido de vista coletiva , suspendendo a reunião da Comissão Mista. A nova rodada de debates está marcada para esta quarta-feira (29). Se não for votada até 7 de novembro , a MP perde a validade. Reforma do setor elétrico incorpora medidas para gás natural e petróleo em novo relatório do Senado
- BYD transforma fábrica na Bahia em base estratégica para expansão de veículos elétricos na América Latina
Instalação brasileira deve impulsionar exportações e reduzir barreiras comerciais, consolidando o país como centro logístico da montadora chinesa no continente. Foto: Divulgação/BYD | BYD transforma fábrica na Bahia em base estratégica para expansão de veículos elétricos na América Latina A fábrica da BYD em Camaçari (BA) está se consolidando como um ponto de virada na estratégia global da montadora chinesa. Com planos ambiciosos de crescimento na América Latina, a companhia pretende transformar a unidade baiana em um polo de exportação para mercados vizinhos, aproveitando acordos comerciais regionais e a localização estratégica do Brasil. Em entrevista à Bloomberg Línea , o vice-presidente da BYD no Brasil, Alexandre Baldy, destacou que a operação na Bahia “tem condições plenas de se tornar um hub exportador de veículos elétricos e híbridos”, conectando a produção local a países da América do Sul e Central. A iniciativa é vista como parte essencial da estratégia da empresa para contornar tarifas e barreiras comerciais impostas por alguns mercados fora da China. A produção nacional permite que a BYD reduza custos logísticos, ganhe competitividade e fortaleça sua presença em regiões onde a demanda por veículos elétricos cresce rapidamente. Além dos carros elétricos, o complexo fabril em Camaçari deve ampliar a linha de produção para incluir chassis de ônibus, baterias e componentes estratégicos, integrando o Brasil à cadeia global de fornecimento da empresa. O investimento faz parte de um plano de longo prazo para consolidar o país como referência em mobilidade elétrica na América Latina. A BYD vem apostando fortemente na transição energética brasileira. Em 2023, a marca superou 6 mil emplacamentos no país e já projeta novos modelos para 2026, incluindo veículos 100% elétricos de produção nacional. O movimento reforça a tendência de regionalização da produção automotiva, em que o Brasil assume papel-chave na estratégia de sustentabilidade e expansão industrial da companhia. Com o avanço da infraestrutura de recarga e o interesse crescente por soluções de baixo carbono, o mercado latino-americano desponta como uma das novas fronteiras da eletromobilidade. E, segundo Baldy, a BYD quer estar no centro dessa transformação: “O Brasil reúne todas as condições para ser o coração da nossa operação na América Latina”, afirmou. BYD transforma fábrica na Bahia em base estratégica para expansão de veículos elétricos na América Latina
- Brasil prepara primeiro grande leilão de baterias para abril de 2026 e mira R$ 10 bilhões em investimentos
O Brasil deve realizar em abril de 2026 o primeiro leilão nacional voltado exclusivamente à contratação de sistemas de armazenamento de energia em baterias. A informação foi confirmada a interlocutores do setor que participaram das reuniões do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante missão oficial à Ásia. Imagem: reprodução linkedin MME | Brasil prepara primeiro grande leilão de baterias para abril de 2026 e mira R$ 10 bilhões em investimentos A iniciativa marca um passo decisivo na estratégia do governo para acelerar a modernização da matriz elétrica e garantir mais estabilidade ao sistema em meio à expansão das fontes renováveis. Segundo apuração do EnergyChannel , o Ministério de Minas e Energia (MME) prepara para novembro a abertura de uma consulta pública de 20 dias , etapa que definirá as bases do edital do certame. A expectativa é que sejam contratados até 2 GW de capacidade em sistemas de baterias (BESS) o equivalente a cerca de 8 GWh em armazenamento de quatro horas , volume suficiente para suprir o consumo médio de energia de uma cidade de médio porte por um período prolongado. A Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (ABSAE) estima que a medida pode destravar até R$ 10 bilhões em novos investimentos , atraindo tanto fabricantes quanto integradores de tecnologia interessados em atuar no mercado brasileiro. A entidade aponta ainda que há cerca de 18 GW em projetos de BESS prontos para cadastramento , indicando uma forte demanda reprimida por oportunidades no setor. Durante a viagem à Indonésia, Silveira apresentou o modelo regulatório brasileiro a gigantes globais da indústria, como Huawei Digital Power, BYD, CATL, Envision, Sungrow e HyperStrong , que demonstraram interesse em parcerias tecnológicas e investimentos em infraestrutura de armazenamento de larga escala. O leilão será estruturado dentro do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) instrumento que garante potência firme ao sistema elétrico nacional. Pela primeira vez, o modelo incluirá um produto específico de armazenamento , permitindo que baterias sejam contratadas para fornecer suporte à rede nos momentos de pico e compensar a intermitência de fontes como solar e eólica. De acordo com o MME, o novo certame representa um marco na transição energética brasileira , com potencial de posicionar o país como um dos principais destinos de investimentos em tecnologias de armazenamento na América Latina. Além de fortalecer a segurança energética, a medida deve impulsionar a cadeia produtiva nacional e fomentar o desenvolvimento de soluções de gestão inteligente de energia. "O Brasil está pronto para inaugurar uma nova fase do seu setor elétrico mais digital, flexível e resiliente" , afirmou Silveira durante o encontro em Jacarta. A expectativa é que, após a consulta pública, o edital definitivo seja publicado ainda no primeiro trimestre de 2026, abrindo espaço para que empresas nacionais e estrangeiras disputem a implantação dos primeiros grandes sistemas de baterias em escala comercial do país. Brasil prepara primeiro grande leilão de baterias para abril de 2026 e mira R$ 10 bilhões em investimentos
- Braga propõe isenção bilionária para baterias e reacende debate sobre limite fiscal e viabilidade do primeiro leilão de armazenamento
Relatório da MP 1304/2025 prevê incentivos inéditos para sistemas BESS e pode antecipar a política nacional de armazenamento de energia mas o teto de R$ 1 bilhão em renúncia fiscal pode travar a expansão do mercado. Crédito: Roque de Sá/Agência Senado | Braga propõe isenção bilionária para baterias e reacende debate sobre limite fiscal e viabilidade do primeiro leilão de armazenamento O mercado de armazenamento de energia no Brasil está prestes a dar um salto histórico. O senador Eduardo Braga (MDB/AM) apresentou nesta terça-feira (28) o relatório da Medida Provisória 1304/2025 , que propõe um pacote de incentivos fiscais inéditos para sistemas de armazenamento em baterias (BESS) tecnologia essencial para equilibrar a geração intermitente de fontes renováveis e garantir a estabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN). O texto chega em meio às expectativas do primeiro leilão de reserva de capacidade com baterias , previsto para o segundo semestre de 2025 , e antecipa, na prática, parte da política de armazenamento que o governo federal pretende implementar nos próximos anos. Incentivos para destravar o mercado O relatório apresentado por Braga propõe isenção total de IPI, PIS/Cofins e PIS/Cofins-importação para baterias destinadas ao setor elétrico. O governo também ficaria autorizado a reduzir a zero o Imposto de Importação sobre equipamentos e componentes utilizados em projetos de armazenamento. Na prática, a proposta busca corrigir o que o relator classifica como uma “distorção estrutural”: hoje, sistemas BESS são tributados como equipamentos de informática , acumulando uma carga tributária próxima de 71% , o que inviabiliza projetos comerciais de larga escala no país. “É uma medida de transição que antecipa os efeitos da reforma tributária, criando condições para o Brasil entrar de forma competitiva no mercado global de armazenamento”, afirmou Braga durante a leitura do relatório. O incentivo teria validade imediata, com vigência até o início da reforma tributária em 2027 . O gargalo do teto fiscal Apesar do entusiasmo do setor, o texto estabelece um limite de renúncia fiscal de R$ 1 bilhão , valor que especialistas já consideram insuficiente para sustentar o crescimento esperado da cadeia de armazenamento. Segundo cálculos obtidos pelo EnergyChannel , considerando projetos padrão de 30 MW / 150 MWh com custo médio estimado de US$ 90 a 95 por kWh instalado e um investimento total na faixa de US$ 13,5 a 14,2 milhões (R$ 73 a 77 milhões) — o teto fiscal seria alcançado com apenas 20 instalações comerciais . Isso significa que a política pode se esgotar em menos de um ano. Além disso, como os equipamentos são cotados em dólar , especialistas defendem que o limite de renúncia deveria ser definido também em USD , evitando distorções cambiais e garantindo previsibilidade para investidores estrangeiros. “Se o leilão de baterias avançar dentro do cronograma, esse teto pode se tornar um novo gargalo para o setor”, avalia um analista ouvido pelo EnergyChannel. Leilão de baterias: primeiro passo da transição O Ministério de Minas e Energia (MME) já confirmou que o LRCAP 12/25 o primeiro leilão de reserva de capacidade com baterias prevê 2 GW de potência contratada , com 5 horas de armazenamento por sistema , o que representa uma importação estimada entre 11 e 13 GWh no período entre o 4º trimestre de 2026 e o 2º trimestre de 2028 . Com prazo de implantação de 18 a 24 meses , a iniciativa deve posicionar o Brasil como um dos primeiros países emergentes a adotar BESS em escala nacional . Segundo o ministro Alexandre Silveira , o governo já busca atrair investimentos internacionais, especialmente da China , onde empresas como Huawei Digital Power, BYD, CATL, Envision, Sungrow, HyperStrong e Hithium Energy Storage manifestaram interesse no certame. Reação do setor A proposta foi recebida com otimismo pela Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (Absae) . Para o diretor-executivo Fábio Lima , a desoneração de bens de capital deve impulsionar novas aquisições já em 2026 e abrir caminho para a competição de baterias no mercado de capacidade . “O sistema de armazenamento precisa de regras claras e competitividade. É fundamental que o setor possa competir em igualdade com as demais fontes de geração”, afirmou. Ainda assim, Lima destacou que a entidade está analisando possíveis impactos da medida sobre o leilão de baterias: “Vamos revisar o texto item por item para garantir que não haja nenhum risco para o certame, que já sofreu sucessivos atrasos”. Segurança energética e preço de pico Além dos incentivos fiscais, o relatório também cria um mecanismo competitivo para geração em horários de pico , custeado pelo encargo de reserva de capacidade , como forma de valorizar o armazenamento e reduzir pressões sobre o custo da energia. Segundo Braga, a medida busca “alocar de forma mais equilibrada os custos da segurança energética”, evitando que recaiam exclusivamente sobre o consumidor. Um novo capítulo para a transição energética Se aprovado, o pacote de incentivos pode acelerar o ingresso do Brasil na nova fronteira tecnológica do armazenamento , criando um mercado estratégico que complementa a geração renovável e reforça a segurança energética nacional . Mas, com o teto fiscal limitado e prazos apertados, o sucesso da política dependerá de ajustes finos entre governo, Congresso e investidores e de uma definição clara sobre como o país pretende financiar o futuro da energia limpa e flexível . Braga propõe isenção bilionária para baterias e reacende debate sobre limite fiscal e viabilidade do primeiro leilão de armazenamento
- ABB lança modelo de “bateria como serviço” e promete democratizar o armazenamento de energia com apoio da IA
Nova proposta da ABB e da GridBeyond elimina custos iniciais e riscos tecnológicos, oferecendo soluções completas de armazenamento energético para empresas que buscam eficiência e sustentabilidade. ABB lança modelo de “bateria como serviço” e promete democratizar o armazenamento de energia com apoio da IA À medida que a transição energética avança e o consumo de eletricidade dispara, o armazenamento em baterias se torna peça central para garantir estabilidade e economia no sistema elétrico global. No entanto, o alto custo de instalação ainda afasta muitas empresas dessa tecnologia — um desafio que a ABB quer resolver com o modelo BESS-as-a-Service (Battery Energy Storage System as a Service). Segundo um novo whitepaper produzido pela ABB em parceria com a GridBeyond , a proposta permite que empresas acessem o armazenamento de energia sem precisar investir em infraestrutura ou lidar com riscos tecnológicos. Em vez de comprar e operar o sistema, o cliente paga uma taxa mensal de operação (OPEX) e a ABB assume o projeto, a instalação, a manutenção e o gerenciamento do desempenho por um período de 10 a 20 anos. Energia sob demanda e sem barreiras O conceito é simples, mas revolucionário. As baterias armazenam o excedente de energia solar e eólica em momentos de baixa demanda, liberando-a quando o consumo atinge o pico reduzindo custos e emissões. De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE) , o mundo adicionou cerca de 42 GW em novas baterias apenas em 2023, reflexo direto da corrida por soluções de flexibilidade energética. Nos Estados Unidos, a demanda total de eletricidade deve crescer 25% até 2030 , impulsionada pelo avanço da eletrificação e dos data center's que, sozinhos, devem consumir 945 TWh por ano até o fim da década. “ O argumento comercial para o armazenamento nunca foi tão forte ”, afirma Stuart Thompson , presidente da ABB Electrification Service. “As empresas precisam de soluções que gerem retorno imediato, aumentem a resiliência e se adaptem rapidamente às mudanças do mercado. O BESS-as-a-Service elimina as barreiras de entrada: sem capital inicial e sem risco tecnológico, apenas acesso direto a economia e novas receitas.” Autonomia energética para empresas As unidades comerciais e industriais de BESS costumam variar de 500 kW a 20 MW , ocupando o espaço equivalente a poucas vagas de estacionamento. Isso permite a instalação até mesmo em áreas urbanas compactas, reduzindo a dependência da rede elétrica e ampliando o aproveitamento da energia solar autogerada. Além disso, as baterias podem atuar em sinergia com bombas de calor e carregadores de veículos elétricos , armazenando energia durante o dia e liberando-a à noite um passo essencial para o equilíbrio da geração renovável. Serviço completo e previsível No modelo “como serviço”, a ABB é responsável pela performance, manutenção e substituição dos equipamentos, enquanto a GridBeyond usa inteligência artificial para gerenciar a operação e otimizar os resultados. “Nosso novo BESS-as-a-Service inaugura uma série de soluções baseadas em serviço que permitirão às empresas adotar tecnologias energéticas avançadas sem grandes investimentos iniciais”, explica Thompson. “Estamos removendo barreiras financeiras e técnicas para acelerar a transição energética global.” Inteligência artificial no comando A parceria com a GridBeyond dá ao sistema um diferencial estratégico: o uso de IA para prever disponibilidade de energia, preços de mercado e padrões de consumo . “Utilizamos algoritmos capazes de analisar dados históricos, condições climáticas e comportamento do mercado em tempo real”, detalha Michael Phelan , CEO e cofundador da GridBeyond. “Com isso, conseguimos antecipar variações na oferta e demanda, otimizando o uso das baterias e maximizando o retorno financeiro dos clientes.” Segundo Phelan, essa camada de inteligência torna o sistema mais ágil e preparado para um mercado de energia cada vez mais dinâmico. “É a união entre automação, dados e energia limpa — o que define o futuro da gestão energética empresarial.” O futuro do armazenamento chega em formato de serviço Com o avanço das metas globais de descarbonização e a crescente pressão por eficiência energética, o BESS-as-a-Service da ABB surge como uma solução escalável e financeiramente acessível. Ao combinar infraestrutura tecnológica, inteligência artificial e modelo de assinatura , a proposta promete acelerar a adoção do armazenamento e impulsionar um novo ciclo de inovação no setor elétrico. ABB lança modelo de “bateria como serviço” e promete democratizar o armazenamento de energia com apoio da IA
- Facilitar para Financiar: A Nova Chave para Destravar o Investimento Climático Global
Com a meta de triplicar a capacidade renovável até 2030, especialistas apontam que o desafio não é apenas captar recursos mas conectar bons projetos ao financiamento certo, especialmente nos países em desenvolvimento. Facilitar para Financiar: A Nova Chave para Destravar o Investimento Climático Global A meta global de limitar o aquecimento a 1,5 °C depende diretamente da velocidade com que o mundo conseguirá ampliar suas fontes renováveis e dobrar a eficiência energética. Esse compromisso, firmado durante a COP28 e consolidado no chamado Consenso dos Emirados Árabes Unidos , estabeleceu um marco ambicioso: atingir 11,2 terawatts de capacidade renovável até 2030. Mas transformar metas em megawatts exige mais do que promessas exige dinheiro, planejamento e, principalmente, projetos prontos para investimento. Entre 2025 e 2030, o mundo precisará investir pelo menos US$ 1,4 trilhão por ano apenas em renováveis mais que o dobro dos níveis atuais, estimados em US$ 624 bilhões em 2024. Embora 2023 tenha marcado um recorde histórico, com US$ 2 trilhões aplicados na transição energética global, esses recursos continuam concentrados em países desenvolvidos. Na prática, o Sul Global ainda enfrenta barreiras severas para acessar o financiamento climático necessário à implementação de seus projetos. O elo perdido entre o capital e a execução Durante a COP29, as nações concordaram em triplicar o volume de financiamento climático destinado a países em desenvolvimento, chegando a US$ 300 bilhões anuais . Um avanço, sem dúvida mas que ainda representa uma fração dos US$ 5 trilhões por ano estimados como necessários para cumprir a agenda de descarbonização até 2030. É nesse cenário que a chamada facilitação de projetos ganha destaque. O conceito se refere a um conjunto de ações técnicas, regulatórias e financeiras voltadas a preparar projetos para receber investimento. Em outras palavras, é o processo que transforma uma boa ideia em um ativo bancável. Segundo especialistas ouvidos pelo EnergyChannel , a maior parte das propostas de energia renovável no Sul Global não chega sequer a essa etapa. “Há muitos projetos promissores, mas poucos prontos para receber capital. Faltam estrutura técnica, garantias e clareza regulatória”, explicam fontes ligadas a organismos multilaterais de financiamento climático. De projetos viáveis a projetos financiáveis As instituições financeiras exigem documentação robusta, garantias de retorno e um grau mínimo de maturidade técnica. Sem apoio especializado, desenvolvedores de países emergentes acabam travados na fase inicial. É aqui que entram as plataformas de facilitação, que oferecem consultoria técnica, assessoria regulatória e apoio jurídico para estruturar os projetos de forma compatível com os critérios internacionais de elegibilidade. Essas iniciativas reduzem riscos, aumentam a credibilidade e ampliam as chances de fechamento financeiro. Ao mesmo tempo, promovem um ambiente de confiança entre desenvolvedores e investidores um fator essencial para destravar capital de longo prazo. Cooperação e sinergia: a nova base do financiamento climático Especialistas defendem que a facilitação de projetos deve ir além de intermediar recursos: precisa acelerar a expansão global das energias limpas . Isso implica coordenação entre bancos de desenvolvimento, governos e o setor privado, além da criação de mecanismos híbridos que combinem recursos públicos e privados para diluir riscos e ampliar o impacto. Nesse contexto, o papel das plataformas multilaterais tem sido decisivo. A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) lidera dois programas estratégicos: a Climate Investment Platform (CIP) e o Energy Transition Accelerator Financing Platform (ETAF) . Ambas atuam como pontes entre projetos e capital, ajudando a conectar desenvolvedores locais a fundos internacionais, com foco especial em países da África, América Latina e Sudeste Asiático. Essas plataformas não apenas mobilizam capital, mas também formam um pipeline global de projetos renováveis prontos para investimento um passo essencial para garantir que a transição energética avance de forma justa e equilibrada. A urgência de um novo modelo A década até 2030 será decisiva. O desafio não é mais provar que a transição energética é necessária, mas garantir que ela aconteça onde mais importa. Facilitar projetos é, portanto, mais do que uma questão técnica é uma estratégia para democratizar o acesso ao financiamento climático e garantir que o desenvolvimento sustentável não seja privilégio de poucos. Facilitar para Financiar: A Nova Chave para Destravar o Investimento Climático Global
- Como tornar a eficiência energética amigável ao usuário e tangível aos resultados?
Por Glauber Cavalcante Diretor de gestão e inteligência energética na EMANA Energy, com ampla atuação em projetos de eficiência energética, com Benchmark de 12%, voltados à redução de consumo de energia com investimento inicial zero. É doutorando e mestre em Eficiência Energética (Lean Energy) pela Universidade Federal do Ceará (UFC), engenheiro eletricista (UFC) e possui certificação Green Belt Lean Six Sigma. Como tornar a eficiência energética amigável ao usuário e tangível aos resultados? Em um cenário em que a transição para a sustentabilidade deixa de ser apenas uma meta corporativa para se tornar um imperativo de mercado e de cidadania, a eficiência energética assume um papel central. Contudo, para além dos painéis, medidores e relatórios técnicos, persiste um desafio: como fazer com que a eficiência energética seja amigável (‘entendível’) ao usuário seja ele gestor, colaborador ou consumidor final e, ao mesmo tempo, tangível e mensurável nos resultados, traduzindo-se em redução de consumo, custos e impactos ambientais? Um exemplo simbólico dessa dificuldade está na própria fatura de energia elétrica. Trata-se de um documento essencial, mas altamente técnico, repleto de termos e códigos pouco intuitivos, que dificultam a compreensão do consumo de energia elétrica e das oportunidades de economia. Para a maioria dos consumidores, a fatura não é nem amigável e nem tangível apresenta dados, mas não traduz significado. Uma fatura redesenhada sob o olhar da eficiência energética e do usuário poderia destacar indicadores de desempenho, metas alcançadas, emissões evitadas e até comparativos históricos em linguagem visual simples e acessível. A resposta a essa questão pode ser encontrada na integração de três eixos o design humano, a medição visual e a cultura de ação que, juntos, consolidam uma nova articulação de pensar e vivenciar a eficiência energética sob a ótica do ESG: o “E” representando a economia de energia e a redução de emissões de CO₂, o “S” traduzido em treinamento e engajamento de pessoas, e o “G” incorporando a eficiência energética ao compliance e à governança corporativa das organizações. 1. Design humano: tornar a eficiência acessível Quando se fala em eficiência energética, o discurso ainda é dominado por termos técnicos como kWh, fator de potência, demanda, dimerização e termografia. No entanto, para que a eficiência seja realmente amigável, é preciso traduzi-la para uma linguagem menos técnica e mais humana. Isso significa transformar dados em experiências compreensíveis, com interfaces que utilizem imagens, cores e alertas simples, permitindo ao usuário entender de forma imediata o que está acontecendo. Um painel digital que exibe “economia equivalente a X árvores preservadas” ou “X% de redução na conta de energia” comunica muito mais do que um número frio como “ –120 kWh ”. O usuário final não precisa dominar a física por trás de uma lâmpada LED, de um inversor solar ou de um motor elétrico ele precisa perceber o resultado: menos calor no corredor, a luz mais uniforme, o ambiente mais silencioso. A usabilidade é um fator decisivo nesse processo; analogias simples, dashboards amigáveis em dispositivos móveis e alertas por aplicativo ou SMS para manutenção preventiva fazem diferença na forma como o usuário interage com a eficiência. Quanto mais curto for o caminho entre o problema e a ação, maior será o engajamento. Em essência, trata-se de tornar a eficiência empática colocar o usuário no centro, utilizando uma linguagem clara, interfaces intuitivas e resultados que façam sentido no cotidiano de quem vive a energia na prática. Esse princípio dialoga diretamente com o “S” do ESG, ao promover uma cultura de aprendizado e inclusão energética. 2. Medição visual: tornar os resultados tangíveis Ser “amigável” sem ser “visível” pode parecer esteticamente agradável, mas não produz transformação real. Para que a eficiência energética seja verdadeiramente tangível, ela precisa gerar evidências mensuráveis e visualmente compreensíveis. O monitoramento em tempo real, aliado a comparativos claros entre o consumo antes e depois das ações implementadas, permite que o usuário perceba de forma concreta o impacto das mudanças. A conversão de indicadores técnicos em métricas mais próximas da realidade cotidiana como “economia equivalente a 30 litros de diesel”, “X toneladas de CO₂ evitadas” ou “x% de redução no consumo de iluminação” torna os resultados palpáveis. Da mesma forma, relatórios visuais e narrativas ilustradas, com fotos, gráficos simples e histórias de transformação, comunicam muito mais do que tabelas e números isolados. O feedback imediato também é essencial: alertas do tipo “você economizou hoje” ou “meta atingida” mantêm o usuário engajado e consciente de sua contribuição. Quando a pessoa consegue enxergar que realmente economizou, que a iluminação agora consome metade ou que o ambiente está mais confortável e a conta de energia caiu 15%, a eficiência deixa de ser uma promessa abstrata e se torna realidade. Esses indicadores reforçam o “E” do ESG, pois traduzem o compromisso com a eficiência e a descarbonização em resultados mensuráveis, auditáveis e transparentes. 3. Cultura de ação: integrar, comunicar, valorizar Mesmo com um bom design e sistemas de medição eficientes, sem uma cultura de eficiência seja ela interna ou externa o impacto tende a se diluir com o tempo. Para que a eficiência energética seja verdadeiramente incorporada, é essencial cultivar três pilares: informação, comportamento e reconhecimento. A informação educativa tem papel fundamental nesse processo, por meio de treinamentos, vídeos curtos e workshops que expliquem o “porquê” das ações, seus impactos e as formas pelas quais cada pessoa pode contribuir. O comportamento ativo é outro ponto-chave, envolvendo equipes como agentes de transformação, e não apenas como espectadores. Isso pode se traduzir em práticas simples, como monitorar o consumo de equipamentos, sugerir desligamentos estratégicos ou registrar melhorias observadas. Já o reconhecimento e a gamificação ajudam a manter o engajamento e o entusiasmo, com iniciativas como premiações, rankings de economia entre setores, murais de conquistas e campanhas internas que celebram resultados. Quando o usuário se sente parte do processo, a mudança deixa de ser uma obrigação e passa a ser um valor compartilhado. Integrar a eficiência energética à identidade organizacional ou residencial e não a tratar apenas como um projeto técnico é o que diferencia uma instituição que simplesmente “tem” eficiência daquela que realmente “vive” a eficiência. Essa integração representa o fortalecimento do “S” (treinamento e engajamento) e do “G” (gestão e governança), consolidando a eficiência energética como pilar estratégico da cultura organizacional. Convergência: do técnico ao humano A eficiência energética não deve ser vista apenas como um item técnico de uma agenda corporativa, mas estrategicamente posicionada como uma experiência humana e valor mensurável, capaz de transformar a forma como nos relacionamos com a energia. Quando associada ao ESG, a eficiência passa a ser um indicador transversal: gera valor ambiental (E), social (S) e de governança (G), fortalecendo o propósito de organizações comprometidas com o futuro. O verdadeiro diferencial está na combinação equilibrada entre técnica, comunicação e mensuração. Quando a eficiência energética se torna amigável ao usuário acessível, compreensível e aplicável e, ao mesmo tempo, tangível visível, mensurável e reconhecida o discurso se converte em impacto real. É nesse ponto que ela deixa de ser uma meta abstrata e passa a fazer parte da cultura das pessoas e das organizações. Convida-se gestores, empreendedores, engenheiros, educadores e criadores de conteúdo a refletirem: como estamos contando a história da eficiência energética? Será que o usuário se enxerga como parte dela? Os resultados são claros, valorizados e comunicados de forma envolvente? Mais do que economizar energia, trata-se de gerar valor humano, perceptível e sustentável. Se quisermos de fato cumprir nosso papel como agentes da mudança, precisamos transformar a eficiência energética em algo que todos possam tocar, sentir e compreender. Ao integrar os princípios de ESG à eficiência energética, unimos técnica, cultura e propósito e transformamos energia em valor, impacto e legado. Como tornar a eficiência energética amigável ao usuário e tangível aos resultados?












