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- Crise na Petrofac: gigante britânica pede recuperação judicial após rompimento com TenneT
Por EnergyChannel News — São Paulo Crise na Petrofac: gigante britânica pede recuperação judicial após rompimento com TenneT A Petrofac, uma das mais tradicionais fornecedoras de serviços para o setor de energia do Reino Unido, entrou oficialmente com pedido de recuperação judicial após enfrentar um duro revés: o cancelamento de um contrato de grande porte com a operadora de transmissão TenneT, responsável por projetos de conexão de energia offshore na Holanda. A decisão marca um novo capítulo na turbulenta fase vivida pela companhia, que há meses vinha lutando para estabilizar suas finanças em meio a atrasos de projetos e pressões crescentes no setor de energia europeia. O rompimento com a TenneT, considerado estratégico para o portfólio da Petrofac, teria sido o golpe final para a liquidez da empresa. Segundo fontes próximas ao processo, a rescisão contratual envolvia um dos programas de interligação de parques eólicos offshore mais ambiciosos da Europa, parte dos esforços holandeses para ampliar a geração renovável no Mar do Norte. Com o cancelamento, a Petrofac perdeu uma das frentes de receita mais relevantes de sua unidade de engenharia e construção. A companhia agora busca nomear administradores judiciais para conduzir um plano de reestruturação que evite a falência total. O objetivo, segundo comunicado interno obtido pelo EnergyChannel , é “preservar a continuidade operacional, proteger os empregos e renegociar dívidas com credores e fornecedores estratégicos”. A TenneT, por sua vez, justificou a decisão alegando “não conformidades e atrasos contratuais significativos” na execução das obras. O rompimento representa também um alerta para outros fornecedores do setor, já que o modelo de contratação de projetos offshore na Europa vem se tornando cada vez mais rigoroso diante do aumento de custos e das pressões por descarbonização. Especialistas ouvidos pelo EnergyChannel avaliam que o caso da Petrofac ilustra os desafios enfrentados por empresas de engenharia na transição energética global — um cenário em que margens apertadas, riscos contratuais elevados e prazos agressivos estão colocando à prova até os players mais experientes do mercado. Enquanto tenta reorganizar suas operações, a Petrofac mantém contratos ativos em regiões como Oriente Médio e África, mas o impacto do colapso europeu deverá reverberar por meses no balanço da companhia. Crise na Petrofac: gigante britânica pede recuperação judicial após rompimento com TenneT
- Marrocos traça meta de eliminar carvão até 2040 e acelerar liderança em energia renovável
Com planos ambiciosos de descarbonização e foco em financiamento climático internacional, o país africano quer se tornar referência regional em energia limpa e hidrogênio verde. Marrocos traça meta de eliminar carvão até 2040 e acelerar liderança em energia renovável EnergyChannel News — São Paulo O Marrocos deu mais um passo decisivo rumo à transição energética. O governo anunciou que pretende eliminar completamente a geração de energia a carvão até 2040 uma meta ousada para uma economia emergente que ainda depende fortemente desse combustível fóssil. A estratégia, no entanto, está condicionada à obtenção de financiamento climático internacional, essencial para sustentar a mudança sem comprometer o crescimento econômico e social do país. A decisão foi formalizada no âmbito da Powering Past Coal Alliance (PPCA) , coalizão internacional da qual o Marrocos faz parte desde 2023, e que reúne mais de 60 países comprometidos com a eliminação da energia a carvão. Segundo o Ministério da Energia, Rabat interrompeu o planejamento de novas usinas termelétricas movidas a carvão, redirecionando esforços para acelerar projetos de energia solar, eólica e gás natural — este último, como fonte de transição. Uma transição em ritmo acelerado Atualmente, o carvão ainda responde por quase 60% da eletricidade marroquina , mas essa participação já vem caindo: em 2022, representava cerca de 70%. O avanço rápido das fontes renováveis hoje responsáveis por aproximadamente 45% da capacidade instalada tem sido impulsionado por grandes empreendimentos como o Complexo Solar Noor Ouarzazate , um dos maiores do mundo, e os parques eólicos de Tarfaya e Midelt . O governo quer que as energias renováveis alcancem 52% da matriz nacional até 2030 , consolidando o país como uma das potências limpas da África. “O Marrocos está comprometido com um futuro energético sustentável, equilibrando segurança, acessibilidade e responsabilidade climática”, afirmou o ministro da Energia em comunicado oficial. Financiamento internacional e transição justa A eliminação do carvão traz também desafios econômicos e sociais significativos. Regiões que dependem da mineração e das usinas termelétricas podem enfrentar perdas de emprego e impactos econômicos locais. Para evitar isso, o país aposta em uma “transição justa” , apoiada por financiamento internacional acessível . De acordo com Rachid Ennassiri , diretor do think tank climático Imal , o plano marroquino “reflete a necessidade de combinar políticas de aposentadoria antecipada de usinas, reformas contratuais e investimentos sociais que garantam uma transição justa e sustentável”. O país busca alinhar-se a mecanismos globais como os Fundos de Investimento Climático e as Parcerias para uma Transição Energética Justa (JETP) modelos já aplicados em países como África do Sul, Indonésia e Vietnã. Um modelo para países emergentes Com a COP30 se aproximando e o debate sobre o futuro da energia ganhando força, o movimento marroquino tem peso estratégico. A aposta em renováveis e hidrogênio verde com 1 milhão de hectares já destinados a projetos do setor coloca o Marrocos em posição de destaque entre os países em desenvolvimento que buscam equilibrar crescimento e descarbonização. Se cumprir a meta de 2040, o país terá uma das matrizes elétricas mais limpas do Oriente Médio e Norte da África , reduzindo emissões e fortalecendo seu papel como hub energético regional, com capacidade para exportar energia limpa para a Europa e outras nações africanas . Marrocos traça meta de eliminar carvão até 2040 e acelerar liderança em energia renovável
- ExxonMobil desafia Califórnia em disputa sobre novas regras de transparência climática
Por EnergyChannel News – São Paulo, 27 de outubro de 2025. ExxonMobil desafia Califórnia em disputa sobre novas regras de transparência climática A ExxonMobil abriu uma nova frente na batalha sobre transparência climática nos Estados Unidos. A petroleira entrou com uma ação judicial contra o estado da Califórnia para tentar barrar a implementação de duas leis que obrigam grandes corporações a divulgar emissões de gases de efeito estufa e riscos financeiros associados às mudanças climáticas. No centro da disputa estão as leis SB 253 e SB 261 , sancionadas pelo governador Gavin Newsom em outubro de 2024. Juntas, elas estabelecem um dos sistemas de relatórios ambientais mais abrangentes do país e prometem redefinir a forma como as empresas comunicam seu impacto climático. A SB 253 exige que companhias com faturamento acima de US$ 1 bilhão relatem anualmente suas emissões diretas (Escopos 1 e 2) e indiretas (Escopo 3), abrangendo desde o consumo energético até a cadeia de suprimentos e o uso de produtos pelos consumidores. Já a SB 261 obriga empresas com receita superior a US$ 500 milhões a publicar relatórios detalhando riscos financeiros relacionados ao clima e suas estratégias de adaptação. Os primeiros relatórios de risco devem ser divulgados até janeiro de 2026 , enquanto as medições de emissões começam em 2026 e 2027 . Estima-se que mais de 4.000 empresas americanas se enquadrem nas novas exigências, segundo o Conselho de Recursos do Ar da Califórnia (CARB). ExxonMobil alega violação da liberdade de expressão Na ação apresentada a um tribunal federal, a ExxonMobil argumenta que as leis violam a Primeira Emenda da Constituição americana, ao “forçar” a empresa a se alinhar a uma “agenda ideológica” do governo da Califórnia. A companhia afirma que já divulga informações sobre emissões e riscos climáticos, mas que os novos padrões baseados no Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG Protocol) e na Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD) impõem formatos e interpretações que distorcem seus resultados. Segundo a petroleira, o modelo de mensuração de emissões “superconta” impactos, ao contabilizar o mesmo carbono em diferentes estágios da cadeia. “As emissões de Escopo 2 de um produtor de energia são as mesmas de Escopo 1 da empresa elétrica, e as de Escopo 3 equivalem às de Escopo 1 dos clientes”, afirma o documento. A Exxon também contesta a exigência de divulgar projeções de risco climático e planos de mitigação, chamando-as de “especulativas” e alegando que a legislação estadual ultrapassa os limites das regras federais impostas pela SEC (Securities and Exchange Commission) . Califórnia defende liderança climática As leis californianas representam o esforço mais ambicioso de um estado americano para integrar o risco climático à governança corporativa. A expectativa é que as novas normas sirvam de modelo nacional, especialmente diante da incerteza sobre a futura implementação da regra climática da SEC. Em decisões anteriores, tribunais federais já rejeitaram pedidos da Câmara de Comércio dos EUA para suspender as novas exigências com base na liberdade de expressão um precedente que pode dificultar a tentativa da ExxonMobil. Enquanto o caso avança, o debate sobre até que ponto governos podem exigir transparência ambiental das corporações promete se tornar um dos temas centrais na política climática americana. ExxonMobil desafia Califórnia em disputa sobre novas regras de transparência climática
- Speedmax lança Energrip Volt para elétricos e híbridos de alta performance
Inicialmente em medidas de 19 a 20 polegadas, o Energrip Volt alia resistência e tração ao conforto para elétricos e híbridos de alta potência Speedmax lança Energrip Volt para elétricos e híbridos de alta performance São Paulo, outubro de 2025 – A Speedmax, marca de alta performance Cantu Inc. e referência em inovação no mercado de pneus, apresenta ao mercado a nova linha Energrip Volt, especialmente desenvolvida para veículos elétricos e híbridos de alta performance. Os novos modelos chegam para atender um segmento em plena expansão, unindo conforto, durabilidade e eficiência energética. “Os pneus Energrip Volt foram projetados para suportar as exigências específicas dos veículos elétricos e híbridos sem abrir mão da dirigibilidade e do conforto”, afirma Juliano Silva, Diretor Comercial da SpeedMax. “Com carcaça otimizada, design moderno e compostos de última geração, eles entregam equilíbrio entre eficiência e durabilidade”, completa. Os novos modelos apresentam estrutura reforçada para compensar o peso das baterias e design dos ombros que aumenta a estabilidade em curvas e manobras. A tecnologia de sequência de blocos variáveis, combinada a sulcos otimizados, garante uma condução silenciosa e confortável, mesmo em altas velocidades. Falando em inovação, a banda de rodagem utiliza compostos de borracha de última geração, feitos para suportar o torque instantâneo dos motores elétricos e oferecer excelente tração em pisos secos ou molhados. O resultado é uma experiência de direção dinâmica, segura e alinhada aos mais altos padrões do segmento. Além disso, o modelo Energrip Volt apresenta vida útil prolongada, com desgaste uniforme e baixo consumo energético, fatores esses que contribuem para maximizar a autonomia e a sustentabilidade dos veículos elétricos. O modelo chega inicialmente nas medidas 235/45R19, 235/50R19, 235/55R19, 245/45R19 245/40R20, e será comercializado no site da PneuStore e nas principais lojas de pneus do Brasil, reforçando o compromisso da Speedmax com a mobilidade e a inovação tecnológica no setor automotivo. Sobre a Speedmax A Speedmax é uma marca do grupo Cantu Inc., dedicada ao desenvolvimento de pneus de alta performance para veículos de passeio, SUVs, picapes e aplicações especiais. Presente nos principais mercados da América e Europa, a Speedmax se destaca pela inovação em design, tecnologia e segurança, com foco em oferecer produtos que elevam a experiência de condução em qualquer tipo de terreno. Sobre a Cantu Inc. A Cantu Inc. é um ecossistema de soluções em pneus, focado em oferecer uma experiência diferenciada e garantir mobilidade e inovação para transformar caminhos em jornadas extraordinárias. Líder no mercado de reposição, com 05 Centros de Distribuição no Brasil, 03 nos EUA e 01 no México, é holding das marcas de pneus Speedmax, com presença nos principais países da América e Europa; e Gripmaster, líder no segmento de pneus OTR; além da PneuStore, maior e-commerce de pneus do Brasil e da GP Pneus, uma das mais tradicionais varejistas de pneus. Speedmax lança Energrip Volt para elétricos e híbridos de alta performance
- Eletromobilidade global e o Brasil: caminhos para a integração na nova era dos transportes
Por Laís Víctor – Especialista em transição energética e diretora executiva de parcerias Eletromobilidade global e o Brasil: caminhos para a integração na nova era dos transportes A revolução silenciosa que redefine o transporte A transição para a mobilidade elétrica vai muito além de uma mudança tecnológica, trata-se de uma transformação sistêmica que está redesenhando a economia global. A eletrificação dos transportes redefine a matriz energética, reorganiza a geopolítica das cadeias de suprimento e altera a própria lógica das cidades. O avanço é tão acelerado que, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, Global EV Outlook 2025 ), a frota mundial de veículos elétricos deve ultrapassar 250 milhões de unidades até 2030, podendo representar cerca de 40% das novas vendas globais, caso se mantenha o ritmo atual de políticas e investimentos. China, Estados Unidos e União Europeia lideram essa corrida com metas e políticas ambiciosas. A China responde por mais de 60% da produção mundial de veículos elétricos e domina as cadeias globais de baterias. A União Europeia aprovou a proibição da venda de novos veículos a combustão a partir de 2035, enquanto os Estados Unidos lançaram o Inflation Reduction Act, destinando aproximadamente US$ 370 bilhões em incentivos à indústria limpa com foco em veículos elétricos, fabricação de baterias e infraestrutura de recarga. A eletromobilidade, portanto, não é mais uma tendência: é o novo padrão industrial e energético do mundo. E, embora o Brasil ainda avance em ritmo moderado, o país possui um potencial singular para se posicionar de forma estratégica e soberana nessa transformação global. O Brasil no mapa da eletromobilidade No contexto latino-americano, o Brasil ocupa uma posição paradoxal: é líder industrial, mas ainda aprendiz em mobilidade elétrica.Enquanto países como Chile, Colômbia e México já implementam políticas robustas de incentivo à eletrificação com metas nacionais de frota e infraestrutura, o Brasil ainda caminha em direção à consolidação de uma estratégia integrada. Atualmente, o país conta com cerca de 270 mil veículos elétricos e híbridos em circulação (ABVE, 2025), número expressivo, mas que representa apenas 0,3% da frota total nacional. O crescimento é visível as vendas dobraram em relação a 2023, mas a adoção ainda é desigual, concentrada em frotas corporativas e de alto padrão. O Programa Mover (2024), lançado pelo governo federal, é um passo importante. Ele cria incentivos fiscais para produção de veículos elétricos, híbridos e células a combustível, além de exigir contrapartidas em pesquisa, desenvolvimento e descarbonização industrial. No entanto, para transformar o país em ator global, será preciso ir além da montagem de veículos será preciso entrar nas cadeias internacionais de valor. Panorama latino-americano: onde estamos e para onde ir A América Latina vive uma aceleração regional da mobilidade elétrica, impulsionada por políticas públicas e compromissos climáticos. O Chile planeja eliminar a venda de veículos leves a combustão até 2035 e lidera na eletrificação do transporte público. A Colômbia criou o Fundo de Mobilidade Sustentável , que subsidia veículos elétricos e pontos de recarga. O México atraiu fábricas de montadoras globais e investe pesado na produção de baterias e lítio. O Brasil, com uma das maiores matrizes elétricas limpas do mundo (cerca de 87% renovável), possui uma vantagem comparativa única: pode produzir veículos elétricos com pegada de carbono até 70% menor que a de países que ainda dependem de carvão ou gás.Essa característica torna o país naturalmente competitivo para receber investimentos industriais em um mercado que valoriza a rastreabilidade e a sustentabilidade. Mas, para competir de igual para igual, será preciso mais que recursos naturais: será preciso coordenação política, visão de longo prazo e segurança regulatória. Indústria nacional e acordos internacionais: o elo estratégico Nos últimos anos, o país começou a se mover. Montadoras globais anunciaram investimentos superiores a R$ 130 bilhões até 2028 para eletrificar linhas de produção no Brasil.Entre os destaques: A BYD iniciou a instalação de sua fábrica em Camaçari (BA), transformando o antigo polo da Ford em centro de eletromobilidade; A Volkswagen planeja lançar modelos híbridos flex e elétricos de produção nacional; E a Stellantis, dona de marcas como Fiat e Jeep, anunciou R$ 30 bilhões em investimentos com foco em eletrificação e biocombustíveis. Esses movimentos mostram que a indústria automotiva brasileira está se reposicionando diante do novo paradigma global.A parceria com países europeus e asiáticos também avança: o Brasil integra discussões com Alemanha, Coreia do Sul e Japão sobre cooperação tecnológica em baterias, hidrogênio e semicondutores. No entanto, o país ainda carece de uma estratégia industrial verde consolidada, que alinhe incentivos fiscais, infraestrutura de recarga e integração energética.Sem isso, corremos o risco de sermos apenas consumidores de tecnologia, e não desenvolvedores de inovação. Exportação e integração de cadeias globais O papel do Brasil na transição para a eletromobilidade pode e deve ir muito além da produção de veículos. O país reúne um conjunto singular de vantagens comparativas que o posicionam estrategicamente nas cadeias globais de valor. Entre elas, destacam-se a disponibilidade de insumos críticos para a fabricação de baterias, como lítio, níquel, manganês e grafite e um ecossistema energético majoritariamente renovável, fatores que conferem ao Brasil uma vantagem competitiva rara em escala mundial. Regiões como o Vale do Jequitinhonha (MG) já se consolidam como polos emergentes de mineração sustentável de lítio, com operações voltadas à exportação e práticas de menor impacto ambiental. Paralelamente, empresas brasileiras começam a integrar consórcios internacionais de pesquisa, como o Battery 2030+ , iniciativa europeia voltada à inovação em materiais e à consolidação de uma economia circular para baterias. Se bem estruturado, esse movimento pode permitir ao Brasil transcender o papel de mero exportador de commodities, assumindo uma posição de fornecedor estratégico de insumos críticos, tecnologia e conhecimento integrando-se de forma qualificada às cadeias globais de valor. No entanto, esse potencial só se materializará por meio de um esforço coordenado entre governo, setor privado e academia, capaz de alinhar pesquisa científica, regulação ambiental e política industrial. A construção dessa ponte entre recursos naturais e inovação tecnológica é o que definirá o verdadeiro protagonismo do Brasil na nova economia da mobilidade elétrica. Baterias, energia limpa e infraestrutura: o triângulo de valor A transição para a eletromobilidade só será verdadeiramente sustentável se estiver apoiada em três pilares fundamentais: baterias, energia limpa e infraestrutura de recarga. Esses elementos formam o que podemos chamar de um triângulo de valor, um ecossistema interdependente que determina o grau de competitividade e maturidade da mobilidade elétrica em qualquer país. O Brasil parte de uma vantagem estrutural incontestável: uma matriz elétrica majoritariamente renovável, composta por fontes hidráulicas, eólicas, solares e de biomassa. Essa base limpa posiciona o país à frente das principais economias globais, muitas das quais ainda enfrentam o desafio de descarbonizar seus sistemas energéticos. Integrar a produção e o uso de veículos elétricos a esse contexto representa uma oportunidade única de consolidar um ciclo de mobilidade 100% sustentável da geração ao consumo. Segundo dados da CNN Brasil (2025), o país conta atualmente com aproximadamente 15 mil eletropostos públicos e semi-públicos, concentrados principalmente nas regiões Sudeste e Sul. Embora o avanço seja expressivo, o número ainda é modesto diante da dimensão territorial brasileira e do crescimento acelerado da frota elétrica projetado para os próximos anos. A expansão dessa rede exigirá uma articulação estratégica entre o poder público e a iniciativa privada, com foco em padronização técnica, incentivos fiscais e planejamento regional integrado, capaz de equilibrar fluxos de transporte, densidade populacional e consumo energético. Nesse contexto, iniciativas como a Rede Nacional de Eletropostos, conduzida pela EPE em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME), e os acordos entre empresas de energia, concessionárias e montadoras, começam a desenhar um mapa nacional de recarga, conectando corredores logísticos, polos industriais e centros urbanos. No entanto, o sucesso dessa jornada dependerá menos da quantidade de pontos de recarga e mais da qualidade da integração entre energia, transporte e indústria. Esse alinhamento sistêmico é o que permitirá ao Brasil não apenas acompanhar a tendência global, mas liderar um modelo próprio de eletromobilidade, competitivo, sustentável e socialmente inclusivo. Eletromobilidade e reindustrialização verde A transição energética global está redefinindo o conceito de competitividade industrial no século XXI. O novo paradigma não se baseia apenas em custos de produção, mas na capacidade de conciliar crescimento econômico, inovação tecnológica e sustentabilidade ambiental. Nesse cenário, a mobilidade elétrica emerge como um dos vetores mais transformadores da economia contemporânea e como uma oportunidade única para o Brasil redesenhar seu modelo de desenvolvimento industrial. Enquanto economias avançadas investem bilhões em subsídios diretos e políticas protecionistas para impulsionar suas cadeias de eletromobilidade, o Brasil possui um diferencial ainda mais poderoso: a possibilidade de integrar energia limpa, biocombustíveis e inovação tecnológica em uma estratégia industrial própria. Essa combinação é rara e valiosa. A base renovável da matriz elétrica nacional, somada à experiência acumulada com o etanol e o biodiesel, oferece ao país condições ímpares para construir uma reindustrialização verde, capaz de gerar empregos qualificados, reduzir emissões e fortalecer a soberania tecnológica. Mas essa reindustrialização não acontecerá de forma espontânea. Exige visão de Estado e coordenação institucional. É essencial investir na criação de centros de pesquisa aplicada em mobilidade elétrica, fomentar startups e hubs de inovação voltados ao desenvolvimento de baterias, softwares de gestão de frotas e integração veicular, além de estabelecer parcerias internacionais estratégicas para transferência de conhecimento e atração de capital produtivo. Mais do que fabricar carros elétricos, o Brasil precisa construir um ecossistema industrial completo, capaz de exportar tecnologia, componentes e inteligência. Isso significa transformar nosso potencial energético e científico em vantagem competitiva global, consolidando o país como um polo de inovação em mobilidade limpa e sustentável. O Brasil no volante da transição O mundo já entrou, de forma irreversível, na era da eletromobilidade. O que está em disputa agora não é apenas quem dirige os veículos elétricos, mas quem controla as cadeias de valor, a tecnologia e a riqueza que esse novo ciclo econômico irá gerar. O Brasil tem todas as condições de ocupar um lugar de protagonismo nessa nova geopolítica dos transportes. Dispomos de uma matriz elétrica predominantemente renovável, de recursos minerais estratégicos, de uma indústria instalada e de uma expertise única em biocombustíveis. Mas essas vantagens só se tornarão efetivas se forem transformadas em estratégia nacional, conectando política industrial, inovação e integração internacional. A mobilidade elétrica não é apenas um mercado é uma visão de país, um projeto de futuro que une tecnologia, sustentabilidade e desenvolvimento social.E o futuro não espera: ele pertence a quem tem coragem de conduzir a transição com propósito, cooperação e visão de longo prazo. O Brasil ainda não está no pelotão de frente, mas tem todos os elementos para acelerar. Cabe a nós decidirmos se seremos passageiros da transição ou motoristas do nosso próprio destino energético. Sobre a autora Laís Víctor é especialista em energias renováveis e diretora executiva de parcerias, com 14 anos de atuação no setor de energia. Sua atuação inclui o desenvolvimento de negócios, estruturação de alianças estratégicas e apoio à atração de investimentos para projetos de transição energética, com foco na construção de ecossistemas sustentáveis e inovação no mercado global de renováveis. Eletromobilidade global e o Brasil: caminhos para a integração na nova era dos transportes
- Energia solar assume liderança histórica nos Estados Unidos e redefine o mapa das renováveis
Pela primeira vez, a geração solar supera a eólica e a hidrelétrica, consolidando-se como a principal fonte de energia limpa do país. Energia solar assume liderança histórica nos Estados Unidos e redefine o mapa das renováveis EnergyChannel News A transição energética norte-americana acaba de atingir um novo marco: a energia solar tornou-se a principal fonte de eletricidade renovável nos Estados Unidos, superando tanto a eólica quanto a hidrelétrica um feito inédito que redefine a matriz elétrica do país. De acordo com dados recentes da Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA) , compilados no relatório Electric Power Monthly de agosto, a geração solar em grande escala cresceu quase 30% em relação ao mesmo mês de 2024. Já os sistemas residenciais e comerciais aumentaram 10,8% no mesmo período. Juntas, essas duas frentes garantiram 9,5% da eletricidade nacional em agosto , frente aos 7,6% do ano anterior. Solar dispara e ultrapassa rivais tradicionais O levantamento da Campanha SUN DAY , com base nos números oficiais, revela que a geração solar acumulada em 2025 já superou em 58% a das usinas hidrelétricas americanas. Só em agosto, a produção fotovoltaica dobrou a das hidrelétricas e ultrapassou, também, a soma de todas as outras fontes renováveis convencionais biomassa e geotérmica incluídas. Além disso, o desempenho solar em escala de utilidade ultrapassou a energia eólica por dois meses consecutivos , com 4% de vantagem em julho e 15% em agosto . Quando somados os sistemas distribuídos, a liderança da energia solar se manteve por quatro meses seguidos , chegando a quase 50% de superioridade sobre o vento no último mês medido. Renováveis ganham terreno sobre o carvão e a nuclear Entre janeiro e agosto de 2025, a combinação de energia solar e eólica foi responsável por 19,1% da eletricidade gerada nos EUA , um salto em relação aos 17,2% registrados no mesmo período de 2024. O avanço das fontes limpas também reduziu a dependência dos combustíveis fósseis: juntas, eólica e solar geraram 16,2% mais energia que o carvão e 11,7% mais que as usinas nucleares . Mesmo com o impulso das renováveis, a geração nuclear registrou uma leve queda de 0,7% , enquanto o gás natural ainda a maior fonte elétrica do país recuou 4,1% nos primeiros oito meses do ano. Armazenamento em expansão: baterias assumem o protagonismo Outro destaque do relatório é o salto do armazenamento por baterias , que cresceu 63,9% em um ano, adicionando 13,3 GW de nova capacidade . Desde outubro de 2024, essa tecnologia já supera o armazenamento hidráulico bombeado (PHS) e hoje responde por 50% mais capacidade instalada que o método tradicional. As projeções da EIA indicam que mais 20,1 GW de baterias devem ser conectados à rede até o fim de 2026, reforçando o papel estratégico do armazenamento para estabilizar o crescimento acelerado da geração solar e eólica. Um caminho sem volta De acordo com Ken Bossong , diretor executivo da Campanha SUN DAY , a tendência é irreversível: “Mesmo que alguns setores políticos tentem frear o avanço das renováveis, os dados mostram que a transição energética está em curso e se acelera a cada mês. A energia solar e o armazenamento se tornaram protagonistas de uma mudança estrutural na matriz americana.” Com o país somando mais de 55 GW de novas capacidades renováveis apenas no último ano contra uma redução líquida de 1,4 GW entre fontes fósseis e nucleares, o recado do mercado é claro: o futuro da eletricidade nos Estados Unidos é cada vez mais solar . Energia solar assume liderança histórica nos Estados Unidos e redefine o mapa das renováveis
- Alemanha prepara cota obrigatória de gás verde e acelera a corrida pelo hidrogênio
EnergyChannel News Alemanha prepara cota obrigatória de gás verde e acelera a corrida pelo hidrogênio A Alemanha está prestes a dar um passo decisivo rumo à descarbonização de sua matriz energética. A poderosa associação da indústria de engenharia mecânica VDMA , que representa mais de 3.600 empresas, manifestou apoio formal à criação de uma cota obrigatória de gás verde um movimento que promete redefinir o mercado de hidrogênio e biometano no país. A proposta busca obrigar os fornecedores de gás a incorporarem volumes crescentes de hidrogênio verde e biometano à rede nacional. Na prática, a medida funcionaria como um gatilho de demanda permanente, oferecendo previsibilidade a investidores e indústrias que aguardam sinais claros de mercado para destravar projetos de produção limpa. Nova fase da transição energética Desde o início da Energiewende , a transição energética alemã foi marcada pelo protagonismo da energia eólica e solar. Agora, o foco se desloca para um dos setores mais difíceis de descarbonizar: o gás.Apesar de o país ter implementado metas progressivas de redução de emissões incluindo uma queda de 53% nas emissões de transporte até 2040, conforme o pacote europeu RED III mais de 90% do gás utilizado ainda é de origem fóssil . A cota de gás verde, defendida pela VDMA, surge como resposta direta a esse gargalo. Além de atender às exigências da Lei Federal de Proteção Climática , a medida reforçaria a competitividade da indústria alemã em um mercado global cada vez mais pressionado por metas de neutralidade de carbono. Hidrogênio e biometano: motores da nova economia O coração da proposta está na produção de hidrogênio verde , obtido via eletrólise alimentada por energia renovável, e no biometano , gerado a partir da digestão de resíduos orgânicos.Ambos os gases podem ser transportados e armazenados na infraestrutura já existente, evitando investimentos bilionários em novas redes e acelerando o processo de integração energética. Com a escala industrial prevista, o custo de produção deve cair tanto em CAPEX quanto em OPEX, tornando o hidrogênio mais competitivo frente aos combustíveis fósseis. Impactos esperados Demanda garantida: a cota cria um mercado estável para gases renováveis. Redução de custos: a expansão da escala produtiva reduz o custo por megawatt-hora. Segurança energética: amplia a autonomia e reduz a dependência de gás importado. Transformação industrial: acelera a substituição do gás natural convencional. Governança e rastreabilidade: exige certificação rigorosa para evitar fraudes e greenwashing. Uma mensagem clara ao mercado Embora o custo do hidrogênio verde venha caindo globalmente, a ausência de políticas de demanda firmes ainda trava o financiamento de projetos . Ao transformar a cota de gás verde em instrumento legal, Berlim enviaria uma mensagem inequívoca ao setor produtivo: a economia do hidrogênio não é uma promessa futura é uma realidade em construção. Alemanha prepara cota obrigatória de gás verde e acelera a corrida pelo hidrogênio
- WEG sente impacto da desaceleração da energia solar e eólica e aposta em expansão do mercado de baterias no Brasil
Com menor ritmo de novos projetos em energia renovável, a WEG vê queda nas receitas de eólica e solar, mas aposta no avanço dos sistemas de armazenamento e em futuros leilões do governo federal. WEG sente impacto da desaceleração da energia solar e eólica e aposta em expansão do mercado de baterias no Brasil EnergyChannel News — São Paulo O cenário de transição energética no Brasil entrou em uma fase de ajuste que começa a repercutir no desempenho das grandes fabricantes do setor. A WEG, gigante brasileira de equipamentos elétricos e automação industrial, registrou um trimestre de resultados pressionados pela desaceleração nos segmentos de energia solar e eólica dois dos principais vetores de crescimento da companhia nos últimos anos. Após um ciclo de forte expansão, impulsionado pela corrida dos investidores em geração renovável, o mercado agora enfrenta um momento de reacomodação. Dados recentes da Agência Internacional de Energia (IEA) mostram que 2025 deverá ser o primeiro ano, em meia década, com avanço menor na capacidade instalada de renováveis no país. O motivo é uma combinação de fatores: crédito mais caro, sobreoferta de energia em horários de pico e gargalos na infraestrutura de transmissão. Esses fatores têm levado à prática do chamado curtailment , quando usinas solares e eólicas precisam reduzir a geração por falta de escoamento na rede. Segundo a consultoria Aurora Energy Research, os cortes chegaram a afetar 43% da energia solar e 27% da eólica em setembro. O impacto foi suficiente para acender um alerta entre analistas e investidores. A Fitch Ratings colocou 13 projetos de geração renovável sob “observação negativa”, prevendo que o problema tende a persistir até o fim da década. Para a WEG, esse contexto se traduz em números. A empresa encerrou o terceiro trimestre sem entregas de novos aerogeradores e com retração na receita de energia solar, após concluir grandes obras em trimestres anteriores. “Já vínhamos sinalizando que o segundo semestre seria mais desafiador para o segmento solar, e isso se confirmou”, destacou André Salgueiro, diretor financeiro da companhia, em conferência com analistas. O movimento de desaceleração também se reflete na geração distribuída (GD), segmento responsável por miniusinas e sistemas fotovoltaicos em telhados. “O mercado de GD perdeu um pouco de ritmo. Há projetos em andamento, mas o volume está abaixo do que víamos nos últimos anos”, acrescentou Salgueiro. Apesar do arrefecimento nas fontes renováveis tradicionais, a WEG já direciona esforços para um novo pilar de crescimento: o armazenamento de energia. A empresa vem ampliando sua atuação em sistemas de baterias os chamados Battery Energy Storage Systems (BESS), voltados a aplicações em indústrias, agronegócio e usinas híbridas. “Os projetos de baterias estão ganhando tração, especialmente de pequeno e médio porte. Temos recebido consultas para iniciativas de maior escala, o que mostra que o mercado está amadurecendo” , explicou o executivo. A expectativa é que os leilões de contratação de armazenamento de energia, anunciados pelo Ministério de Minas e Energia, possam destravar de vez esse novo mercado. O ministro Alexandre Silveira afirmou que o primeiro certame pode ocorrer ainda em dezembro. Para a WEG, trata-se de uma oportunidade estratégica para diversificar o portfólio e mitigar os efeitos da volatilidade nos segmentos solar e eólico. “Esses leilões podem ser um divisor de águas para o setor. O mercado de baterias tem potencial para crescer de forma muito mais robusta do que vemos hoje”, concluiu Salgueiro. WEG sente impacto da desaceleração da energia solar e eólica e aposta em expansão do mercado de baterias no Brasil
- Schneider Electric está entre as Melhores Empresas Para Trabalhar no Brasil
Reconhecimento no ranking GPTW 2025 reforça o comprometimento da companhia com uma cultura voltada ao desenvolvimento de talentos e impacto positivo Schneider Electric está entre as Melhores Empresas Para Trabalhar no Brasil São Paulo, outubro de 2025 – A Schneider Electric , líder global em tecnologia de energia, está entre as Melhores Empresas Para Trabalhar™ no Brasil em 2025, na categoria de grandes corporações (1.000 a 9.999 funcionários), segundo o ranking da consultoria Great Place to Work (GPTW). A metodologia do GPTW utiliza pesquisas rigorosas e confidenciais para avaliar a experiência dos colaboradores em temas como confiança, inovação, valores da empresa e liderança. “ Estar entre as Melhores Empresas Para Trabalhar no Brasil em mais um ano reflete a nossa cultura sólida baseada em oportunidades de desenvolvimento, colaboração, inclusão e impacto positivo dentro e fora da organização, além de demonstrar e o engajamento das nossas equipes e reforçar o compromissoda Schneider Electric com nossas pessoas ”, afirma Ian Lopes, diretor de Recursos Humanos da Schneider Electric Brasil. Recentemente, a Schneider Electric foi reconhecida como uma das "Melhores Empresas para Pessoas LGBTQIAPN+ Trabalharem", segundo a quarta edição da pesquisa Equidade BR: Igualdade no Trabalho Global, da Human Rights Campaign Foundation (HRC). A companhia também está entre as Melhores Empresas para Trabalhar™ na América Latina 2025, de acordo com o ranking da consultoria Great Place to Work (GPTW). Além disso, foi reconhecida como a empresa mais sustentável do mundo em 2025 pela TIME e Statista, bem como pelo ranking Global 100 da Corporate Knights. Mais recentemente, passou a liderar também a lista das 250 Melhores Empresas em Sustentabilidade da Sustainability Magazine. Sobre a Schneider Electric A Schneider Electric é líder global em tecnologia de energia, promovendo eficiência e sustentabilidade por meio da eletrificação, automação e digitalização de indústrias, negócios e residências. Suas tecnologias permitem que edifícios , data centers , fábricas , infraestruturas e redes funcionem como ecossistemas abertos e interconectados, aumentando desempenho, resiliência e sustentabilidade. O portfólio inclui dispositivos inteligentes, arquiteturas definidas por software, sistemas impulsionados por inteligência artificial, serviços digitais e consultoria especializada. Com 160 mil colaboradores e 1 milhão de parceiros em mais de 100 países, a Schneider Electric é constantemente reconhecida como uma das empresas mais sustentáveis do mundo . Schneider Electric está entre as Melhores Empresas Para Trabalhar no Brasil
- Construindo solidez financeira no mercado livre de energia
Por Yasmine Ghazi, Diretora Financeira da TYR Energia O mercado livre de energia brasileiro vive um momento único. Com a abertura gradual para consumidores menores e a diversidade de comercializadoras, presenciamos uma transformação que trazem oportunidades extraordinárias, mas também desafios complexos que exigem clareza estratégica. Construindo solidez financeira no mercado livre de energia Como diretora financeira de uma varejista independente, vejo diariamente como é fundamental equilibrar a expansão de Market share com prudência financeira. Quando falamos de mercado livre hoje, não estamos mais no cenário de cinco anos atrás. A maioria dos grandes consumidores já migraram, e agora disputamos por um consumidor menor, mais diversificado e, inevitavelmente, com perfil de risco mais heterogêneo. Isso não é necessariamente ruim, pois representa democratização do acesso à energia livre. Mas exige uma abordagem diferente. No passado, uma única negociação podia representar megawatts significativos. No varejo, o crescimento é de "grão a grão", como dizemos internamente. Cada contrato individual deve fazer sentido financeiro, porque é dessa forma que construímos resultados sólidos. Costumo brincar que precisamos ponderar a cada novo contrato, através da ótica do triangulo: preço, prazo e risco. Preço: A Realidade dos Spreads Comprimidos A pressão por preços menores é constante. A oportunidade da nova venda traciona por ofertarmos, a cada vez, uma proposta mais competitiva. Mas, com spreads menores e um mercado altamente canibalizado, não podemos negligenciar: fechando múltiplos contratos na margem mínima, como uma empresa consegue manter sua operação robusta e gerar os resultados projetados? A diferenciação aqui se torna crucial. Desenvolver soluções personalizadas, que agregam valor real para o cliente permite sustentar margens mais justas. Desta forma, a competição não se dá apenas em torno do preço, mas também na oferta de novos serviços e funcionalidades que empoderem o cliente a tomar as melhores decisões relacionadas a sua gestão energética, de forma simples e acessível para consumidores amplos, não especialistas no setor. O mercado livre é a porta de entrada para uma revolução no setor de energia, pois ele estimula o desenvolvimento e a adoção de diversos produtos de eficiência e gestão energética, como baterias, sistemas de recargas de veículos elétricos e bancos de capacitores, devidamente recomendados e aplicados caso-a-caso com base em softwares de análise dos dados de consumo, captados através dos medidores inteligentes instalados em cada unidade consumidora. Prazo: O Desafio do Capital de Giro O prazo de pagamento é outro ponto sensível. Enquanto a pressão de mercado busca flexibilidade nas condições de prazo para pagamento para fechar negócios, precisamos lembrar que a Câmara de Comercialização de Energia (CCEE) liquida as operações a cada sexto dia útil do mês. Se o cliente paga no dia 15, mas eu preciso honrar meus compromissos no dia 6, quem financia essa diferença? Cada extensão de prazo é uma decisão estratégica que impacta diretamente no capital de giro. É um exercício constante de equilibrar competitividade comercial com saúde financeira operacional. Risco: Conhecer para Precificar O risco de crédito talvez seja o mais complexo dos três pilares. Com o perfil atual do mercado, precisamos ser cada vez mais criteriosos. Se um cliente tem histórico de bom pagador, posso trabalhar com margens mais competitivas. Mas se identificarmos sinais de fragilidade financeira, precisamos precificar esse risco adequadamente. O mercado livre varejista não opera com a figura das garantias. Um cliente com risco elevado tem menor probabilidade de chegar a um ciclo de renovação contratual, apresenta maior probabilidade de inadimplência e demandará mais recursos de gestão. Todos esses fatores precisam estar refletidos na precificação. Uma vantagem importante do mercado livre é o sistema de proteção regulatória. Quando um cliente fica em atraso, seguimos o rito de cobrança: notificação seguida de prazo para regularização. No limite, em caso de término de contrato por falta de pagamento, o cliente precisa regularizar seus débitos com a comercializadora para poder retornar ao mercado cativo ou mudar de fornecedor dentro do mercado livre, caso contrário terá o corte de energia realizado pela distribuidora local e ficará sem luz até quitar seu débito com a varejista. Esse mecanismo oferece segurança ao setor, mas não elimina o trabalho de gestão. O processo é burocrático, demanda recursos jurídicos e administrativos, e resulta na perda do cliente. Por isso, a prevenção através de análise criteriosa continua sendo a melhor estratégia. Concorrência desleal: um obstáculo real Por outro lado, não podemos ignorar a prática de concorrência desleal por parte das distribuidoras que, para reter clientes, oferecem condições incapazes de competir. São exemplos disso o uso da marca e de base dados de clientes da distribuidora pela comercializadora do mesmo grupo econômico. Além disso, graças a seu tamanho e nível de faturamento, os grupos econômicos que controlam, ao mesmo tempo, distribuidoras e comercializadoras de energia, podem praticar um spread mínimo, sabendo que qualquer valor incremental compensa a perda total do cliente da distribuidora para o mercado livre. Essas práticas reconcentram o mercado através de contratos longos e pouco transparentes, limitando a inovação e prejudicando o consumidor final. Empresas independentes precisam competir não apenas em preço, mas provar constantemente seu valor através de serviços diferenciados e relacionamento próximo. Com a perspectiva de abertura total do mercado, vivemos um momento de preparação intensa. Investimentos em marca, tecnologia, foco na experiencia do cliente e desenvolvimento de novos produtos são essenciais. Yasmine Ghazi é Diretora Financeira da TYR Energia Construindo solidez financeira no mercado livre de energia
- Engenheiros brasileiros lançam ferramenta inédita para simplificar o dimensionamento de sistemas híbridos com baterias
Desenvolvida para o mercado nacional, a nova planilha automatiza cálculos técnicos e traz dados climáticos, de consumo e equipamentos, tornando o planejamento de sistemas solares híbridos mais acessível e preciso. Engenheiros brasileiros lançam ferramenta inédita para simplificar o dimensionamento de sistemas híbridos com baterias EnergyChannel News — São Paulo O armazenamento de energia deixou de ser tendência para se tornar parte central da nova geração distribuída (GD) no Brasil. E agora, dois engenheiros brasileiros apresentam uma solução prática para profissionais que desejam dominar essa etapa técnica: a Planilha de Dimensionamento de Sistemas Híbridos com Baterias , criada por Sydney Ipiranga e Victor Catrib , promete transformar a forma como integradores e projetistas calculam e configuram sistemas solares com armazenamento. Ferramenta feita para o mercado nacional Diferente de modelos estrangeiros ou genéricos, a ferramenta foi construída com base em dados oficiais brasileiros , reunindo informações do Procel, Aneel e do Inmet , além de fichas técnicas dos principais fabricantes que atuam no país.“O objetivo foi criar algo realmente útil e contextualizado. A ferramenta foi pensada para quem trabalha no dia a dia com energia solar e precisa de precisão e agilidade”, explica Victor Catrib , engenheiro especialista em eficiência energética. A planilha permite simulações rápidas e projeções confiáveis para projetos residenciais, comerciais e industriais — incluindo o cálculo automático de variáveis como: Profundidade de descarga (DoD) e eficiência de ciclo completo (RTE); Degradação e ciclagem de baterias (até 6.000 ciclos); Comparação entre químicas (LiFePO₄, NMC, NCA, sódio-lítio e outras); Dimensionamento do inversor (Low/High Voltage, EPS e pico); Tempo de suporte a picos entre 2 e 60 segundos. Além disso, o sistema traz um banco de dados completo com: Curvas de carga das distribuidoras (A4, B1, B2 e B3); Dados climáticos de todas as cidades brasileiras; Lista de eletrodomésticos com consumo certificado pelo INMETRO/PROCEL ; Catálogo atualizado de baterias e inversores híbridos disponíveis no mercado nacional . Armazenamento: o novo pilar da GD Para Sydney Ipiranga , engenheiro eletricista e especialista em energias renováveis, a bateria se tornou o novo “canivete suíço” do setor. “O armazenamento é o ponto de virada da geração distribuída. Ele permite que o consumidor alcance autonomia real, reduzindo a dependência da rede e ampliando o controle sobre o próprio consumo”, destaca. Segundo ele, o desafio atual está na complexidade dos cálculos . “Não é mais um dimensionamento linear como no sistema solar convencional. Agora, cada projeto precisa refletir o perfil real de consumo e as características da aplicação seja backup, autoconsumo inteligente ou estabilidade de rede.” Independência energética e oportunidade de mercado O lançamento chega em um momento decisivo para o setor de energia solar no Brasil, em meio a debates sobre as Medidas Provisórias 1300, 1304 e 1307 , que impactam o marco regulatório da GD.Para os engenheiros, o futuro da geração distribuída passa por soluções híbridas e inteligentes , com uso estratégico de armazenamento e gestão digital. “Com a bateria, a concessionária deixa de ser o centro da equação. O consumidor passa a ser protagonista da própria energia”, resume Ipiranga. Lançamento e condições especiais Durante o período de lançamento, a Planilha de Dimensionamento de Sistemas Híbridos com Baterias está disponível exclusivamente pelo EnergyChannel , com valor promocional de 12 parcelas de R$ 25,75 e acesso imediato após a compra.A oferta é válida até o final de outubro , e o link para aquisição está disponível no final da matéria. Sobre o EnergyChannel Group O EnergyChannel Group é um hub de comunicação multiplataforma internacional especializado em energia, sustentabilidade, mobilidade e construção inovadora , com conteúdo em português, inglês e espanhol .Acompanhe entrevistas, análises e reportagens exclusivas sobre as transformações do setor energético global em energychannel.co . Engenheiros brasileiros lançam ferramenta inédita para simplificar o dimensionamento de sistemas híbridos com baterias
- Nova bateria híbrida combina sódio e lítio e promete dobrar a capacidade energética das tecnologias atuais
Pesquisadores da Universidade de Limerick desenvolvem a primeira bateria do mundo com dois cátions ativos, unindo desempenho e sustentabilidade em um mesmo sistema. Nova bateria híbrida combina sódio e lítio e promete dobrar a capacidade energética das tecnologias atuais Em um avanço que pode redefinir o futuro do armazenamento de energia, cientistas da Universidade de Limerick , na Irlanda, anunciaram a criação da primeira bateria do mundo que utiliza íons de sódio e íons de lítio de forma combinada . A inovação inaugura uma nova classe de sistemas eletroquímicos, conhecidos como baterias de cátion duplo , capazes de unir o melhor desempenho de ambos os elementos. A principal diferença dessa tecnologia está na forma como os dois metais interagem dentro da célula. Em vez de competir, os íons de lítio e de sódio atuam de maneira sinérgica , ampliando significativamente a capacidade energética e a estabilidade do sistema. Segundo o pesquisador Syed Ahad , líder do estudo, “a introdução dos dois cátions dobrou a capacidade da bateria em comparação com as de íons de sódio tradicionais algo nunca alcançado antes com os materiais de ânodo utilizados”. Eficiência com menor impacto ambiental As baterias de íons de sódio vêm sendo vistas como uma alternativa sustentável às de íons de lítio, já que o sódio é abundante e pode ser extraído da água do mar , enquanto o lítio depende de mineração concentrada em poucos países e de processos de extração ambientalmente intensivos. No entanto, o desempenho energético limitado das células de sódio ainda é um desafio. A combinação com o lítio, segundo os pesquisadores, resolve esse gargalo , aumentando a densidade de energia e mantendo os benefícios ambientais. O projeto também dispensa o uso de metais críticos como o cobalto , reduzindo custos e riscos ambientais na cadeia produtiva um ponto-chave para viabilizar uma transição energética mais limpa e acessível. Avanço técnico e aplicação prática A equipe de Limerick desenvolveu um sistema onde o lítio atua como reforçador de capacidade dentro do eletrólito , enquanto o sódio garante estabilidade e segurança. O resultado é uma bateria mais durável, eficiente e com maior densidade energética , ideal para aplicações que exigem autonomia estendida, como veículos elétricos e sistemas de armazenamento estacionário . Nos testes de laboratório, o protótipo superou a marca de 1.000 ciclos de carga e descarga , um indicador técnico considerado essencial para validar a viabilidade comercial de novas tecnologias de bateria. Um novo horizonte para o armazenamento de energia A descoberta abre caminho para uma nova geração de baterias híbridas , que podem combinar custo reduzido, alta eficiência e menor impacto ambiental uma tríade que o setor de energia busca há décadas. Embora ainda em fase experimental, o conceito de bateria de cátion duplo já desperta interesse da indústria, especialmente em um contexto global de diversificação de materiais críticos e busca por alternativas ao lítio puro . “Nosso objetivo é ampliar a sustentabilidade sem comprometer o desempenho”, reforça Ahad. “Com a sinergia entre sódio e lítio, acreditamos estar um passo mais perto de um armazenamento de energia realmente acessível e de longo prazo.” Nova bateria híbrida combina sódio e lítio e promete dobrar a capacidade energética das tecnologias atuais












