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- Stegra acelera corrida global pelo aço verde com nova rodada de investimentos para megaprojeto na Suécia
A startup sueca pretende transformar a indústria do aço com uma planta movida a hidrogênio verde, prometendo reduzir drasticamente as emissões e inaugurar uma nova era na siderurgia mundial. Créditos da imagem Stegra EnergyChannel International A sueca Stegra acaba de anunciar uma nova rodada de financiamento para impulsionar a construção da primeira usina siderúrgica verde de grande escala do mundo , localizada em Boden , no norte da Suécia. O projeto, que já atraiu forte apoio de investidores estratégicos e fundos voltados à transição energética, marca um passo decisivo rumo à descarbonização da indústria do aço , um dos setores mais intensivos em emissões de CO₂ do planeta. Fundada em 2020 , a Stegra desenvolveu um processo inovador que substitui o carvão por hidrogênio verde na separação do oxigênio do minério de ferro etapa responsável pela maior parte das emissões na siderurgia convencional. O método elimina praticamente todo o uso de combustíveis fósseis e opera com eletricidade proveniente de fontes 100% renováveis , como energia eólica e hidrelétrica. A construção da planta teve início em 2022 , e a empresa prevê o início das operações em 2026 . A meta é ambiciosa: alcançar a produção anual de cinco milhões de toneladas de aço verde até 2030 . Caso atingida, essa capacidade colocará a Stegra na vanguarda da revolução industrial verde, posicionando a Suécia como referência global em siderurgia sustentável . Segundo a companhia, o novo ciclo de investimentos será direcionado à expansão da infraestrutura, aquisição de equipamentos de alta eficiência e fortalecimento das parcerias estratégicas com fornecedores de energia e tecnologia. A aposta da Stegra reflete uma tendência crescente na Europa : o surgimento de polos industriais dedicados à produção de materiais com baixo carbono, apoiados por políticas de incentivo climático e pela demanda de grandes compradores corporativos por cadeias de suprimento mais limpas. Com o avanço desse projeto, a Stegra se junta a um movimento que pode redefinir os padrões de sustentabilidade e competitividade no mercado global de aço , abrindo caminho para um futuro industrial de emissões quase nulas. Stegra acelera corrida global pelo aço verde com nova rodada de investimentos para megaprojeto na Suécia
- Sob ataque — e crescendo: como o mercado solar resiste ao lobby global da energia
Por Eduardo Nicol, PMP, MBA CFO @SUN-I Solar Energy USA / CEO Renew Energia BR O setor solar, de baterias e recarga veicular vive um paradoxo. De um lado, enfrenta tarifas novas, medidas provisórias controversas, campanhas de desinformação e pressões das grandes corporações de energia. De outro, continua crescendo — e rápido. A pergunta que não quer calar é: como? Sob ataque — e crescendo: como o mercado solar resiste ao lobby global da energia O jogo do poder: O lobby que não dorme. Em todo o mundo, o lobby das fontes fósseis e das concessionárias tradicionais tenta frear o avanço das renováveis. O argumento muda conforme o país: ora dizem que a energia solar é 'subsidiada', ora que 'prejudica a rede'. No Brasil, isso se traduziu em tentativas legislativas e regulatórias para restringir a geração distribuída. A boa notícia é que a reação do mercado e das entidades técnicas tem sido igualmente forte. Lei 14.300: um escudo legal, ainda que permeável. O marco legal da micro e minigeração distribuída, sancionado em 2022, trouxe estabilidade mínima para quem investe em solar. A Lei 14.300/22 garantiu regras claras de compensação, prazos de transição e segurança jurídica para projetos já protocolados até janeiro de 2023 válidos até 2045. Foi uma vitória da articulação do setor, liderada por entidades como a ABSOLAR, deixou passar uma serie de bombas relógio e indefinições que nos deixaram a mercê do jogo político. Mas o escudo não é invencível. MP 1300 e MP 1304: o retorno das ameaças Em 2025, a MP 1300 tentou alterar dispositivos do setor elétrico e incluir encargos que afetariam diretamente a geração distribuída. Graças à mobilização técnica e política, os trechos mais nocivos foram retirados antes da aprovação. Mas a nova MP 1304 reintroduziu parte das ameaças, sob o argumento de 'corrigir distorções tarifárias'. Cada nova MP representa uma quebra de previsibilidade, o que reduz investimentos e aumenta o custo de capital. Enquanto isso, lá fora… Os EUA desligam o incentivo Nos Estados Unidos, o mercado solar passou por um verdadeiro apagão de incentivos durante o governo Trump. A dedução fiscal de 30% — o Investment Tax Credit (ITC) — foi suspensa ou reduzida. Programas como o Solar for All, que financiavam projetos residenciais de baixa renda, foram cancelados. Mesmo assim, a combinação de queda de custos e força dos estados manteve o setor vivo. A lição é clara: depender apenas de incentivos é arriscado. Brasil vs. EUA: dois caminhos diferentes sob o mesmo sol Por que então o mercado solar segue crescendo Custos em queda, inovação técnica, novos modelos financeiros, mobilização institucional e força da demanda. Mesmo sob ataque, o setor amadurece e ganha autonomia econômica. Hoje, energia solar é infraestrutura essencial — não apenas uma alternativa. A resposta à pergunta Diante de tarifas, lobby e incertezas, o mercado solar continua crescendo porque não depende mais só da vontade política. Depende da maturidade tecnológica, da força da sociedade civil, da pressão dos consumidores e de modelos de negócio adaptáveis. O que antes era 'energia alternativa' hoje é infraestrutura essencial. E por isso a resposta é simples: Porque o sol não faz lobby e, como a água, quando encontra barreiras, não recua: contorna, avança e as dissolve com a força radiante que constrói um futuro melhor. Sob ataque — e crescendo: como o mercado solar resiste ao lobby global da energia
- ANEEL quer Travar CDE em 2025: Controle de Danos ou um Teto Alto Demais?
O Peso Invisível na Conta de Luz A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) comentou que quer realizar uma medida que promete redefinir o futuro das tarifas de energia no Brasil, visto que quer usar o orçamento recorde de 2025 como teto permanente para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Custos de energia podem aumentar caso nada seja resolvido. Desde 2013, o orçamento das despesas da CDE já custaram aos consumidores R$ 331,31 bilhões , com crescimento acumulado de 249% . Este aumento impacta diretamente a fatura, especialmente a TUSD-CDE , que em 2025 registrou aumentos médios superiores a 30% nos reajustes anuais. A TUSD-CDE é a Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição acrescida dos encargos da CDE, que representa cerca de 10-20% na tarifa de aplicação residencial. O que é a CDE e por que ela custa tanto? Criada pela MP 579/2012 , convertida na Lei 12.783/2013 , a CDE nasceu para centralizar subsídios dispersos no setor elétrico. Passando o tempo acabou se tornando uma estrutura orçamentária robusta que absorve gradualmente diversas responsabilidades do setor elétrico, é um grande orçamento que retorna basicamente todo em tarifa para o consumidor, e tem alguns subsídios como os abaixo: Incentivos a fontes renováveis (solar e eólica), via descontos na tarifa de uso do sistema. Subsídios à geração distribuída (GD) , especialmente após a Lei 14.300/2020. Programas sociais , como a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE) . Universalização do acesso à energia elétrica , incluindo regiões remotas. Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) , que subsidia a geração em sistemas isolados, principalmente no Norte. Despesas por tipo de subsídios avaliados anualmente (Fonte: ANEEL, elaborado pelo autor) A centralização aumentou o controle regulatório, mas a adição contínua de novas responsabilidades sem revisão das fontes de custeio gerou pressões crescentes sobre a tarifa. Para Onde Vai o Dinheiro? Em 2025, cinco grandes grupos de subsídios representam mais de 60% do orçamento da CDE: Subsídio Acumulado (2013-2025) Crescimento (desde 2013) Participação 2025 Valor em 2025 (R$ bi) CCC (Conta de Combustíveis) R$ 102,75 bi +211,88% 25,58% 12,60 Desconto Consumidores Incentivados R$ 50,11 bi +1.332,19% 22,94% 11,30 Encargo Geração Distribuída (Lei 14.300) R$ 6,04 bi +421,37% (desde 2023) 7,43% 3,66 Desconto Transmissoras Incentivadas R$ 13,36 bi +1.021,53% 6,56% 3,23 Desconto Geradores Incentivados R$ 5,41 bi +407,14% 1,59% 0,78 Fonte: ANEEL, elaborado pelo autor. A análise dos dados revela um crescimento exponencial nos subsídios para fontes incentivadas e GD, enquanto a CCC se mantém como o maior custo individual do setor. Um ponto diferenciado é a velocidade da expansão do encargo associado à GD, ele foi instituído em 2023, mas já equivale a mais de 12% do valor do subsídio concedido a consumidores incentivados, um benefício que existe há mais de uma década. Tal fato demonstra a trajetória de crescimento acelerado. Ponto importante para se comentar, mas após 2020 notamos que o aumento direto para a CDE cresceu muito, se avaliar de 2021 para 2022 tivemos mais de 34% de acréscimo, que se manteve aumentando cada vez mais. Evolução crescimentos anuais maiores impactos (Fonte: ANEEL, elaborado pelo autor) Teto (2025) e Encargo de Complemento de Recursos (ECR) Para conter o crescimento da CDE, a ANEEL propõe: Orçamento de 2025, R$ 49,26 bilhões, corrigido pela inflação, como limite máximo da CDE a partir de 2026. Excesso de custos não será socializado, será pago pelos próprios beneficiários dos subsídios através do ECR. A medida impõe disciplina orçamentária, transferindo risco do consumidor final para agentes específicos. Edvaldo Santana , ex-diretor da ANEEL, alertou em seu perfil no LinkedIn sobre as graves distorções e riscos decorrentes das mudanças propostas para a CDE. A recente decisão da agência, de usar o orçamento de 2025 como teto, mitiga a grande incerteza que existia sobre a proposta anterior, que se basearia em um orçamento futuro (2026) e poderia ultrapassar os R$ 60 bilhões. Embora a medida traga mais confiança e se alinhe à crítica de Santana, ele pondera que a trava está sendo aplicada sobre um valor que já saiu do controle, evidenciando que a intervenção deveria ter ocorrido antes. Controle Fiscal ou Normalização do Absurdo? Argumentos a favor do teto: Limita expansão descontrolada dos custos. Beneficiários dos subsídios assumem excessos. Congela gastos no patamar histórico, evitando desgaste político. Críticas e riscos: Risco de normalizar orçamento recorde, visto que passamos do ponto. Subsídios seguem sem revisão estrutural, não resolvemos nada. Crescimento de subsídios específicos pode reduzir espaço para políticas essenciais como a TSEE. Controle fiscal ou institucionalização de custos elevados? A proposta de teto chega ser ousada e contrária ao “negócio como sempre”, mas carrega um paradoxo: ela congela a CDE no ponto mais alto até hoje. Sem uma reforma estrutural dos critérios de subsídio ou ao menos uma revisão, o teto pode legitimar a continuidade de distorções. Ainda assim, é necessário reconhecer que, mesmo não comentados no levantamento que fiz, mas entendendo serem altos custos, acredito que os subsídios sociais e de universalização não são “vilões”. Programas como universalização de acesso, Tarifa Social de Energia e medidas para auxiliar famílias vulneráveis desempenham papel social legítimo. O que precisamos debater é como destinar subsídios com eficiência, foco e limitação, sem as assimetrias e o risco de sufocar competitividade e sustentabilidade regulatória. A questão acaba sendo sistêmica e estratégica. Não basta regular, vai ser necessário também redesenhar: Quem financia a transição energética? Como distinguir subsídio legítimo de subsídio regressivo? Como aliar inclusão social, inovação e sinal econômico real? O futuro da energia no Brasil dependerá de respostas acertadas, e o teto da CDE pode ser somente o primeiro passo. Despesas totais e evoluções para CDE (Fonte: ANEEL, elaborado pelo autor) A disciplina fiscal é bem-vinda, mas o futuro da energia no Brasil depende de planejamento estratégico, inovação regulatória e justiça social. O teto é o começo, não o fim da conversa. Referências ANEEL. Relatórios de Orçamento e Arrecadação da CDE. Disponível em: ANEEL | Portal Reports Abertos Valor Econômico. “Sistema elétrico está cada vez menos confiável, diz Edvaldo Santana.” Publicado em 31/07/2025. Disponível em: Sistema elétrico está cada vez menos confiável, diz Edvaldo Santana | Energia | Valor Econômico Lei 12.783/2013. Dispõe sobre a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12783.htm Lei 14.300/2020. Incentivos à Geração Distribuída. Disponível em: L14300 Sobre o autor Felipe Figueiró é engenheiro eletricista, com dois MBAs focados em inovação, liderança e inteligência de mercado. Atua há mais de 11 anos no setor elétrico e tem como visão transformar dados em estratégias inteligentes e eficientes. ANEEL quer Travar CDE em 2025: Controle de Danos ou um Teto Alto Demais?
- Consumo consciente: veja mitos e verdades sobre economia de energia
Por Felipe Nejm Carvalho, CEO da ClickLivre Energia Consumo consciente: veja mitos e verdades sobre economia de energia CEO esclarece principais dúvidas dos consumidores Com a chegada da primavera e o aumento gradual das temperaturas no país, predominantemente em grande parte da Região Norte, interior da Região Nordeste e em alguns pontos da parte central do Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o uso de aparelhos elétricos como ventiladores, geladeiras e ar-condicionados tende a crescer. Esse aumento no consumo é sentido diretamente nas contas de luz e reforça a importância de adotar práticas mais conscientes de economia de energia. De acordo com Felipe Carvalho, CEO da ClickLivre Energia, empresa especializada em eficiência energética e consumo inteligente, economizar energia elétrica vai muito além de buscar uma conta mais barata ao final do mês, trata-se de um compromisso com o meio ambiente e com o uso responsável dos recursos naturais. “O consumo consciente de energia é uma atitude que traz benefícios imediatos para o bolso e resultados duradouros para o planeta. Pequenas mudanças de hábito, quando aplicadas de forma contínua, fazem grande diferença na eficiência energética e na sustentabilidade”, destaca. Apesar de o tema estar cada vez mais em pauta, ainda há muitas dúvidas sobre o que realmente ajuda e o que é apenas mito quando o assunto é economizar energia. Para ajudar a esclarecer as principais crenças e orientar os consumidores, o CEO Felipe Carvalho lista abaixo os principais mitos e verdades sobre o tema: 1 – Deixar os aparelhos no modo “stand by” não consome energia – Mito Mesmo desligados, mas conectados à tomada, equipamentos eletrônicos como televisores, micro-ondas e alto-falantes inteligentes continuam consumindo energia. É o chamado “consumo fantasma”. O ideal é retirar os aparelhos da tomada quando não estiverem em uso. Isso pode representar uma redução de até 10% no gasto mensal da conta. 2 – O ar-condicionado pode ser um vilão do consumo, mas há formas de usá-lo com eficiência – Verdade O ar-condicionado está entre os equipamentos que mais consomem energia, especialmente durante os meses quentes. No entanto, manter o filtro limpo, ajustar a temperatura para cerca de 23 °C e usar a função “sleep” durante a noite são formas de reduzir significativamente o consumo sem abrir mão do conforto térmico. 3 – Lâmpadas de LED consomem menos energia – Verdade As lâmpadas de LED consomem até 80% menos energia do que as incandescentes e têm maior durabilidade. A troca por esse tipo de iluminação é uma das medidas mais eficazes e acessíveis para economizar energia em casas e escritórios. 4 – Deixar o carregador de celular na tomada sem o aparelho não gasta energia – Mito O uso do carregador sem a conexão do aparelho celular pode ser um gasto a mais na conta de energia. Mesmo que não estejam conectados a um dispositivo, os carregadores de telefone consomem energia em modo de espera, mas o gasto é pouco significativo. Apesar disso, a prática pode representar riscos à segurança. 5 – O uso consciente de eletrodomésticos faz diferença – Verdade Lavar roupas e louças com carga completa, utilizar a geladeira longe de fontes de calor e manter o tempo de abertura das portas o mais curto possível são atitudes simples que reduzem o consumo de energia e prolongam a vida útil dos aparelhos. 6 – Painéis solares funcionam apenas em dias ensolarados – Mito O sistema fotovoltaico continua gerando energia mesmo em dias nublados ou chuvosos, ainda que em menor intensidade. Segundo Felipe Carvalho, a energia solar é uma das formas mais eficientes e sustentáveis de reduzir custos a longo prazo e tornar residências e empresas mais independentes da rede elétrica tradicional. 7 – Economizar energia é um ato de sustentabilidade – Verdade Ao reduzir o consumo de eletricidade, diminui-se a necessidade de geração nas usinas, o que contribui para menor emissão de gases de efeito estufa e maior preservação dos recursos naturais. “Cada atitude consciente conta. Economizar energia é cuidar do planeta e das próximas gerações”, reforça o CEO da ClickLivre Energia. Com o aumento das tarifas e a chegada das altas temperaturas, a conscientização sobre o uso racional da eletricidade se torna ainda mais urgente. Para Felipe, que ajuda pessoas e empresas a reduzir contas de luz, adotar práticas sustentáveis e investir em energia solar, aplicar eficiência energética é uma forma inteligente de equilibrar economia, conforto e responsabilidade ambiental. Consumo consciente: veja mitos e verdades sobre economia de energia
- China acelera, EUA resistem: qual o caminho do Brasil na transição energética?
Por Felipe Nejm Carvalho, CEO da ClickLivre Energia China acelera, EUA resistem: qual o caminho do Brasil na transição energética? A disputa entre China e Estados Unidos na transição energética oferece lições valiosas ao Brasil. De um lado, temos a China, que acelerou de forma impressionante sua capacidade de geração renovável. Segundo a Agência Nacional de Energia (Aneel), apenas em 2024, o país adicionou 373 milhões de quilowatts à sua capacidade instalada de fontes limpas, consolidando-se como a grande “fábrica verde” do mundo. Painéis solares, baterias de lítio e veículos elétricos chineses chegam a mais de 200 países, reforçando a hegemonia asiática no setor. Do outro lado, os Estados Unidos enfrentam uma contradição: embora tenham capacidade tecnológica e científica para liderar, ainda estão presos a uma economia fortemente dependente do petróleo. Além disso, parte da sociedade norte-americana mantém visões divergentes sobre as mudanças climáticas, influenciadas por fatores políticos, econômicos e culturais. Esse contexto contribui para que o país avance de forma mais gradual em relação à China na corrida pela transição energética. E onde entra o Brasil nessa equação? Nosso país ocupa hoje a sexta posição mundial em geração de energia solar. Temos abundância de sol, vento e biomassa, mas seguimos subaproveitando todo esse potencial. Ainda de acordo com a Aneel, já ultrapassamos a marca de 6 milhões de consumidores que utilizam energia solar na modalidade de Geração Distribuída, com mais de 3,7 milhões de sistemas instalados em residências, comércios, áreas rurais e indústrias. Apesar do avanço, ainda é uma parcela pequena diante da população total. Isso mostra que precisamos investir mais em políticas públicas, infraestrutura e, sobretudo, na conscientização das pessoas. Cada consumidor tem o direito de escolher a origem da energia que consome. Ao optar por fontes renováveis, contribui não apenas para a redução da própria conta de luz, mas também para um processo global de mitigação da crise climática. Mas não basta olhar apenas para o setor residencial. É preciso pensar em soluções estruturais: investimento na eletrificação da frota brasileira de veículos e políticas voltadas ao uso de baterias para armazenamento de energia são dois exemplos que poderiam acelerar o nosso protagonismo no cenário global. A transição energética é inevitável. A questão é: vamos nos antecipar, aproveitando nossas vantagens competitivas, ou esperar que outros países determinem os rumos desse processo? O Brasil tem todas as condições para ser referência mundial em energia limpa, mas precisa agir agora. O autor é Felipe Nejm Carvalho, CEO da ClickLivre Energia China acelera, EUA resistem: qual o caminho do Brasil na transição energética?
- Rejeitos Minerais Podem Ser a Nova Mina de Ouro da Transição Energética
Pesquisadores apontam que toneladas de metais críticos para baterias e tecnologias limpas estão sendo desperdiçadas em rejeitos de mineração e recuperar esse potencial pode redefinir o futuro da indústria mineral. Rejeitos Minerais Podem Ser a Nova Mina de Ouro da Transição Energética A corrida global por metais essenciais à transição energética como lítio, cobalto, níquel e elementos de terras raras pode ter uma fonte inesperada: o lixo das próprias minas. Um estudo conduzido pela Escola de Minas do Colorado (EUA) revelou que os rejeitos acumulados em operações de mineração escondem grandes quantidades desses materiais estratégicos, desperdiçados por não serem o foco principal da extração. Esses rejeitos, muitas vezes descartados em lagoas de decantação ou utilizados para preencher crateras de antigas escavações, são o subproduto natural da extração de metais como ferro, cobre e ouro. Mas à medida que o mundo acelera a transição para fontes renováveis e tecnologias de baixo carbono, o valor desses “restos” ganha uma nova dimensão. “Muitos dos elementos que hoje consideramos críticos nem eram analisados no passado, simplesmente porque não tinham uso comercial significativo,” explica Elizabeth Holley, pesquisadora líder do estudo. “Agora, percebemos que toneladas desses materiais estão literalmente sendo jogadas fora.” Um potencial econômico subestimado A equipe analisou milhares de amostras de minério e dados de produção de 54 minas de metais de rocha dura nos Estados Unidos. O resultado surpreende: recuperar apenas 1% dos elementos presentes nos rejeitos de algumas minas seria suficiente para eliminar completamente as importações desses minerais no país. Em outros casos, taxas de recuperação entre 10% e 90% já tornariam possível suprir a demanda interna por materiais essenciais para baterias, painéis solares e turbinas eólicas pilares da economia verde. Metais como ouro, platina e paládio, por sua vez, já são amplamente reaproveitados devido ao seu alto valor de mercado, mas outros metais críticos permanecem negligenciados. Desafios técnicos e econômicos Apesar do potencial promissor, transformar rejeitos em recursos exige mais do que boa vontade ambiental. A recuperação desses elementos envolve processos de refino completamente distintos dos aplicados aos metais principais das minas, o que implica investimentos em novas plantas industriais e tecnologias específicas de separação . “É como tentar tirar o sal de uma massa de pão: o material está lá, mas isolá-lo exige tecnologia e custo,” compara Holley. “Precisamos de políticas públicas, pesquisa e inovação para tornar essa recuperação economicamente viável.” Além disso, o teor desses metais nos rejeitos é, em geral, muito baixo o que desafia o modelo de negócio tradicional da mineração, voltado à extração de depósitos de alta concentração. Uma nova fronteira para a mineração sustentável A revalorização dos rejeitos pode redefinir a relação entre mineração e sustentabilidade. Em vez de abrir novas minas, o reaproveitamento de resíduos pode reduzir a pegada ambiental do setor e diminuir a dependência de importações estratégicas , especialmente em tempos de disputa geopolítica por recursos minerais. Para a economia verde, o caminho é claro: os próximos tesouros minerais talvez já estejam extraídos apenas esquecidos nos rejeitos. Rejeitos Minerais Podem Ser a Nova Mina de Ouro da Transição Energética
- Qualidade, Confiança e Bancabilidade: A Tríade Inegociável da Energia Solar
Por Daniel Pansarella O Brasil vive um momento de expansão meteórica no setor de energia solar. Qualidade, Confiança e Bancabilidade: A Tríade Inegociável da Energia Solar Dados recentes da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) e da SolarPower Europe posicionam o país como o quarto maior mercado do mundo, tendo adicionado quase 19 GW de potência em 2024 e atraído mais de R$ 54 bilhões em novos investimentos – um crescimento de 30% em relação ao ano anterior. Com 56 GW de capacidade instalada, a fonte solar já representa 22,5% da matriz elétrica nacional, consolidando-se como a segunda maior fonte do país. Contudo, sob a superfície deste crescimento vertiginoso, uma perigosa correnteza se forma. A busca incessante por custos mais baixos está levando desenvolvedores e empreendedores a sacrificar o que deveria ser inegociável: a qualidade, a confiança técnica e a bancabilidade dos projetos. Esta não é uma crítica a empresas menores que buscam seu espaço para crescer, nem uma defesa incondicional de marcas internacionais consolidadas. É um alerta sobre uma mentalidade de curto prazo que pode minar a sustentabilidade econômica de todo um setor, transformando o sonho da energia limpa e competitiva em um pesadelo de manutenção e perdas financeiras. Módulos Fotovoltaicos: O Risco do "Tier Shit" No jargão do mercado, a classificação Tier 1 , criada pela BloombergNEF (BNEF), é frequentemente brandida como um selo de qualidade. Embora sua função primária seja atestar a bancabilidade de um fabricante – sua solidez financeira e capacidade de honrar garantias de longo prazo, como 12 anos para o produto e 30 anos para a performance em módulos bifaciais vidro-vidro –, ela serve como um importante filtro de confiança. Um fabricante Tier 1 passou pelo crivo rigoroso de múltiplos financiadores internacionais, que não arriscariam seu capital em produtos de baixa confiabilidade. A própria BNEF, contudo, recomenda enfaticamente que a lista não seja usada como medida de qualidade técnica, mas sim como indicador de estabilidade financeira e capacidade de suprimento. Em contrapartida, assistimos à proliferação do que eu mesmo acabei disseminando e referenciando provocativamente ao mercado como "Tier Shit" : produtos de fabricantes que não se responsabilizam pela entrega prometida. Estes módulos, frequentemente comercializados com um desconto de 10% ou mais em relação aos produtos de fabricantes responsáveis, escondem em sua composição a semente de problemas futuros. A prática do "Fake Power" , onde um painel entrega uma potência inferior à especificada em seu datasheet, é um exemplo claro desta má-fé. Um módulo vendido como 555 Wp pode, na realidade, gerar apenas 535 Wp quando testado ainda novo, uma perda imediata de quase 4% na capacidade de geração. "Hipoteticamente, por mais que todo o processo de fabricação de um módulo seja perfeito, se for usado uma célula de má qualidade, o produto final continuará sendo ruim. (...) Não ficará bom, não será durável. E como muitas das vezes a má qualidade da célula não é perceptível a olho nu, elas são usadas por fabricantes de má fé (e aceita por alguns distribuidores, é importante frisar) na fabricação dos módulos sem receios de prejudicar o cliente final", explica Thiago Mingareli, gerente técnico da Amara NZero Brasil. O cerne do problema reside no uso de células fotovoltaicas de qualidade duvidosa . Embora não exista uma norma internacional que regulamente a classificação de células, há um consenso de mercado sobre quatro níveis de qualidade: Grade A (células perfeitas, sem defeitos), Grade B (imperfeições visuais sem impacto elétrico imediato), Grade C (danos elétricos) e Grade D (células quebradas ou inutilizáveis). O problema é que células Grade B e C, embora mais baratas, degradam-se prematuramente, causando hotspots, perdas de eficiência e, em última análise, comprometendo a geração e a segurança da usina. Testes de eletroluminescência (EL), que funcionam como um "raio-X" do painel, revelam outro problema: o "módulo xadrez" , onde células de qualidades diferentes são misturadas no mesmo painel. Esta prática causa mismatch entre as células, similar ao problema de montar uma string com módulos de características elétricas diferentes, resultando em perdas de geração e, em casos graves, danos ao sistema. A falta de rastreabilidade na produção, a ausência de programas robustos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e estruturas tributárias duvidosas são características comuns desses fornecedores. Empresas que alcançam faturamentos expressivos e momentâneos à custa da longevidade dos ativos de seus clientes, sem a capacidade financeira real para honrar garantias de décadas, representam um risco sistêmico para o setor. Trackers: O Vácuo de Bancabilidade Se nos módulos fotovoltaicos a classificação Tier 1 oferece um norte, nos trackers (seguidores solares) , o cenário é mais nebuloso. Não existe uma classificação de bancabilidade consolidada para estes equipamentos, abrindo uma perigosa lacuna de credibilidade. Empresas crescem de forma desordenada e desproporcional à sua efetiva capacidade financeira, muitas vezes amparadas por estruturas tributárias "criativas", e aplicam a mesma "criatividade" na especificação dos materiais e na resistência dos produtos. O uso de aço com especificações inferiores , sem as devidas certificações internacionais de qualidade e resistência, é uma bomba-relógio. Em um país continental como o Brasil, com diferentes regimes de ventos – desde as rajadas intensas do Nordeste até as condições mais amenas do Sul – e níveis de corrosão variados conforme a proximidade do litoral, um tracker mal projetado ou construído com material inadequado está fadado a falhas prematuras. Os custos de operação e manutenção (O&M) disparam quando estruturas começam a apresentar corrosão acelerada, motores falham por subdimensionamento ou componentes mecânicos se desgastam prematuramente. A ausência de um time técnico robusto, de processos de comercialização formais e de certificações com reconhecimento internacional cria um ambiente de incerteza. Quando os problemas de qualidade começam a aparecer – e eles inevitavelmente aparecem –, a sustentabilidade econômica dos projetos é colocada em xeque. A geração de energia é diretamente impactada por paradas não programadas, e o retorno sobre o investimento (ROI) projetado se evapora. Inversores: O Coração Negligenciado O mesmo raciocínio se aplica aos inversores , o coração do sistema fotovoltaico. A escolha de marcas sem uma estrutura técnica local robusta, com pós-venda e suporte adequados para atender às intempéries de um clima diverso e às condições climáticas extremas de diferentes regiões brasileiras, é um erro estratégico com consequências financeiras severas. Um inversor que falha em uma região remota, sem uma equipe de suporte local capacitada e sem peças de reposição disponíveis, pode significar semanas de produção perdida. O prejuízo acumulado por dias de geração interrompida jamais será compensado pelo desconto inicial obtido na compra do equipamento. Além disso, a redução recente nos prazos de garantia de inversores e microinversores, observada em algumas marcas distribuídas no Brasil, é um sinal de alerta sobre a sustentabilidade financeira desses fornecedores. A Escolha Inegociável: LCOE Versus CAPEX A corrida para baixar o CAPEX (investimento inicial) está cegando parte do mercado para o que realmente importa: o LCOE (Custo Nivelado de Energia) e a rentabilidade do projeto ao longo de sua vida útil de 25 a 30 anos. A economia aparente na compra de um componente de baixa qualidade se pulveriza rapidamente com os custos adicionais de O&M, a perda de receita pela baixa performance e o risco real de o fornecedor não existir mais para honrar sua garantia quando ela for necessária. O Código de Defesa do Consumidor é claro ao responsabilizar toda a cadeia de fornecimento – fabricante, distribuidor e integrador – em caso de informações errôneas ou falsas ao cliente final, cabendo multa, substituição do produto e até mesmo detenção caso comprovada a fraude. O ditado "o barato sai caro" nunca foi tão pertinente. O Caminho da Maturidade O futuro dos investimentos em parques solares no Brasil depende de uma maturação do mercado. Desenvolvedores, investidores e financiadores precisam entender que qualidade, confiança técnica e bancabilidade não são luxos ou diferenciais competitivos, mas os pilares fundamentais que sustentam a viabilidade econômica de qualquer projeto de energia. Sacrificar essa tríade em nome de um preço marginalmente menor não é uma estratégia de negócio inteligente; é um convite ao prejuízo e à erosão da confiança em um setor que tem tudo para ser protagonista da transição energética brasileira. A escolha deve ser clara: buscar fabricantes com as principais certificações internacionais (Bloomberg Tier 1, PVEL, PVtech, RETC, PVBL, DNV GL Top Performer, TÜV Rheinland), com atuação global em mercados exigentes como Estados Unidos e Europa, com rastreabilidade de produção e, acima de tudo, com a capacidade financeira comprovada de honrar garantias de longo prazo. Qualidade e confiança técnica não podem ser negociáveis. O futuro do setor solar brasileiro depende disso. Qualidade, Confiança e Bancabilidade: A Tríade Inegociável da Energia Solar
- Fracasso do Etanol 2G expõe riscos e reforça valor da Simulação de Monte Carlo
Por Eng. Sebastião Carlos Martins * Fracasso do Etanol 2G expõe riscos e reforça valor da Simulação de Monte Carlo Crise financeira e questionamentos sobre a viabilidade A recente crise enfrentada pela Raízen colocou em xeque alguns de seus projetos mais ambiciosos. Com desinvestimentos de R$ 2,7 bilhões em apenas seis meses e uma dívida líquida de R$ 34,3 bilhões em março de 2025 quase 80% maior que no mesmo período do ano anterior a companhia acumula uma alavancagem de 3,2 vezes o EBITDA. Nesse cenário, investidores voltam suas atenções para a sustentabilidade econômica do etanol de segunda geração (2G) , uma das principais apostas da empresa para a transição energética (ver vídeo Etanol 2G ). O Eng. Sebastião Carlos Martins apresenta, neste artigo, sua visão geral explicativa do “Por que artigos científicos na mídia não são suficientes para assegurar o sucesso de projetos sustentáveis”, tomando por referência seus Estudos de Viabilidade Econômica e Financeira para a implantação de uma Unidades de Tratamento Energético de Resíduos Sólidos Urbanos e biomassa. Estudo revela inviabilidade sem incentivos fiscais Um estudo elaborado pela DBEST PLAN analisou uma planta de etanol 2G com capacidade de 500 toneladas/dia de biomassa . Os resultados foram contundentes: sem as isenções de ICMS, ISS, PIS, COFINS e IPI, além do subsídio de R$ 1,72 por litro , o projeto apresentaria um Valor Presente Líquido (VPL) negativo de R$ –710 milhões . Isso significa que, em condições de mercado realistas, a iniciativa se mostra inviável economicamente , dependendo quase integralmente de políticas de incentivo. Simulação de Monte Carlo: realismo estatístico contra o otimismo excessivo Para aprofundar a análise, a DBEST PLAN utilizou a Simulação de Monte Carlo , técnica estatística que gera milhares de cenários possíveis para avaliar o comportamento do projeto diante de variáveis incertas. No estudo, foram testados fatores como CAPEX, OPEX, produtividade, preços de venda e tributos . A simulação apontou que a produtividade do etanol 2G foi a variável de maior impacto sobre a taxa interna de retorno (TIR), respondendo por +36,2% , seguida da receita do etanol (+32,8%) e do CAPEX (–25,7%). Mesmo em um cenário ideal , com incentivos mantidos, a chance de sucesso era restrita: havia 95% de probabilidade de a TIR se situar entre 17% e 20% , com média de 18%. Ou seja, apenas condições altamente favoráveis sustentariam a viabilidade do negócio. O preço da ausência de análises probabilísticas Segundo o engenheiro Sebastião Carlos Martins , a falta de uma visão probabilística desde o início pode ter levado a Raízen a assumir riscos desnecessários. "Se a empresa ou os financiadores tivessem incorporado análises de Monte Carlo, poderiam ter mitigado o prejuízo, ajustando contratos, prevendo hedge cambial ou revendo o mix de produção", afirma. A ausência dessa abordagem teria contribuído para ampliar a vulnerabilidade financeira da companhia em um momento de crise. A metodologia como diferencial da DBEST PLAN O estudo destaca a Simulação de Monte Carlo como ferramenta estratégica para investidores e financiadores, superando os métodos determinísticos tradicionais.Entre suas vantagens, estão: Identificação das variáveis de maior impacto econômico; Avaliação probabilística de cenários adversos; Definição de estratégias mitigadoras embasadas; Suporte sólido à tomada de decisão. Ao integrar essa metodologia com análises de mercado, conjuntura geopolítica e matriz SWOT, a DBEST PLAN diferencia-se como parceira estratégica no setor de energia limpa. O fracasso internacional do etanol 2G O insucesso não é exclusividade brasileira. Diversos países enfrentaram obstáculos semelhantes ao tentar consolidar o etanol 2G em escala comercial. SWOT: forças e fragilidades do etanol 2G A análise probabilística foi complementada com uma matriz SWOT do projeto, que evidencia pontos críticos: Forças : sustentabilidade da tecnologia, uso de resíduos agrícolas, alinhamento com políticas de descarbonização e possibilidade de geração de CBIOs. Fraquezas : CAPEX e OPEX elevados, dependência de subsídios, complexidade operacional e sensibilidade a variações de preço e produtividade. Oportunidades : expansão global do mercado de biocombustíveis, demanda crescente em aviação, acesso a financiamentos verdes e integração com SAF e hidrogênio verde. Ameaças : queda no preço do etanol ou do petróleo, redução de incentivos fiscais, concorrência tecnológica e riscos climáticos e cambiais. Comparativos com outras plantas e rotas produtivas A DBEST PLAN também pesquisou outras iniciativas de etanol 2G no Brasil, tanto a partir de milho quanto de cana e seus resíduos, incluindo projetos da São Martinho, FS, Petrobahia, Grupo Potencial, Usina Verde, BioEthanol, AgroRenew e EcoFuel . A comparação revelou que, embora diversos estudos reconheçam a importância de variáveis tecnológicas e de custos, o diferencial está no uso sistemático da análise probabilística de Monte Carlo , que confere maior precisão e confiabilidade às projeções. Conclusão: lições para o futuro da transição energética O fracasso ou, no mínimo, a fragilidade do projeto de etanol 2G da Raízen, sob condições de mercado menos favoráveis, revela um alerta: nenhum projeto inovador em energia limpa deveria ser avaliado sem a aplicação de Simulação de Monte Carlo. A experiência reforça que, além da busca por incentivos e subsídios, o setor deve avançar para análises mais robustas, capazes de quantificar riscos e orientar estratégias práticas de mitigação. Somente assim será possível garantir que investimentos estratégicos — de investidores privados, financiadores ou entes públicos sejam alocados com segurança, sustentabilidade e visão de longo prazo. Se o Brasil quiser consolidar-se como líder em biocombustíveis avançados, será preciso combinar visão estratégica, políticas públicas consistentes e ferramentas robustas de análise de risco como a Monte Carlo para garantir a alocação segura de recursos. Sebastião Carlos Martins CEO da DBEST PLAN – Engenharia e Tecnologia da Informação E-Mail: scm.sistemas@gmai.comFone: (31) 99645-0801 Fracasso do Etanol 2G expõe riscos e reforça valor da Simulação de Monte Carlo
- O Nó da Questão
Por Daniel Lima – ECOnomista O Nó da Questão A transição energética brasileira vive um momento decisivo. A expansão da geração distribuída, o avanço das fontes renováveis e a chegada dos sistemas de armazenamento em baterias exigem uma profunda revisão do arcabouço legal e operacional do setor elétrico. No centro desse debate está a questão da flexibilidade — ou melhor, da inflexibilidade que ainda domina os contratos das usinas termelétricas. Hoje, a maioria das térmicas opera sob contratos inflexíveis, que obrigam o despacho mesmo quando não há necessidade técnica ou econômica. Isso gera custos elevados, emissões desnecessárias e compromete a eficiência do sistema. O ano de 2025 é um exemplo emblemático dessa rigidez. Usinas térmicas estão sendo despachadas em pleno pico de geração de fontes renováveis, como solar e eólica. O resultado? Cortes na geração de energia renovável — o chamado curtailment — e Bandeiras Vermelhas com aumento no preço da energia, uma conta que, no fim, recai sobre o consumidor. O modelo ideal é permitir o desligamento dessas usinas quando não forem necessárias e acioná-las apenas nos momentos de real demanda. Se aprovada, essa medida representaria um avanço estratégico para o setor. A modernização do setor elétrico brasileiro exige um modelo que reconheça a diversidade de fontes e a variabilidade da geração. Solar, eólica, hídrica e biomassa operam em sinergia, mas em horários distintos. O sistema precisa valorizar essa complementaridade, ajustando-se dinamicamente à oferta e à demanda. A flexibilidade é o pilar do mix energético ideal. A rigidez contratual das térmicas impede que o Brasil aproveite plenamente seu potencial renovável. A flexibilização dos contratos é essencial para: - Reduzir custos operacionais e tarifas ao consumidor; - Priorizar fontes limpas e baratas quando disponíveis; - Evitar o despacho desnecessário de usinas emissoras de gases nocivos ao clima. A descarbonização do setor elétrico passa pela redução do uso de térmicas e pela adoção de sistemas de armazenamento. Nos Estados Unidos, por exemplo, as baterias já representam um terço das adições solares em 2024, com expectativa de chegarem a 60% em 2025. Na Califórnia, baterias armazenam a geração solar durante o dia, transferindo energia para o período da noite. O Brasil, com mais de 43 GW de potência instalada em geração distribuída, tem tudo para seguir esse caminho. São 3 milhões de lares gerando sua própria energia, beneficiando 7 milhões de unidades consumidoras com créditos de energia limpa. A adição de baterias a esse ecossistema tornaria o sistema ainda mais eficiente, resiliente e sustentável. A inflexibilidade dos contratos térmicos é um nó que precisa ser desatado. A modernização do setor elétrico exige coragem regulatória, visão estratégica e compromisso com a sustentabilidade. Flexibilizar é permitir que o Brasil avance com inteligência, eficiência e respeito ao meio ambiente. O Nó da Questão
- Geração distribuída em alerta: ABGD vê risco de retrocesso nas emendas da MP1304
Por EnergyChannel News – 14 de outubro de 2025 Geração distribuída em alerta: ABGD vê risco de retrocesso com novas medidas provisórias no setor elétrico O presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) , Carlos Evangelista , alertou para possíveis retrocessos no setor de energia renovável no Brasil diante das novas medidas provisórias que tramitam no Congresso Nacional. Em entrevista exclusiva ao EnergyChannel , Evangelista destacou que as emendas à MP 1.304 , se aprovadas sem uma discussão técnica adequada, podem ameaçar direitos dos consumidores e desestabilizar o avanço da geração distribuída no país. Segundo ele, o setor elétrico brasileiro vive um momento decisivo: “Algumas das emendas apresentadas à MP 1.304 não apenas atrapalham, mas podem destruir completamente a estrutura da geração distribuída no Brasil. Existem grupos que ainda insistem em manter o monopólio do setor elétrico como no século passado”, afirmou. Reformas profundas e riscos à transição energética O executivo destaca que as medidas provisórias recentes — em especial as MPs 1.300 e 1.304 — tratam de temas sensíveis, como o limite da CDE , tarifas multipartes , curtailment (corte de geração) e modelos de faturamento para geração compartilhada .Na visão da ABGD, mudanças estruturais como essas deveriam ser feitas com debate técnico, transparência e segurança jurídica , e não de forma acelerada por medidas provisórias. “Essas propostas atingem diretamente o consumidor que acreditou na Lei 14.300, investiu na própria geração de energia e agora pode ver seus direitos ameaçados. A geração distribuída democratizou o acesso à energia limpa no Brasil, e não podemos retroceder”, defende Evangelista. Atualmente, o Brasil conta com mais de 3,8 milhões de sistemas solares instalados , beneficiando cerca de 7 milhões de unidades consumidoras — o equivalente a 21 milhões de brasileiros . A média de investimento por sistema gira em torno de R$ 35 mil , com potência média de 7 kW. Segundo Evangelista, a maior parte desses investimentos vem das classes C e D , mostrando o caráter democrático e inclusivo da geração distribuída. O papel da ABGD e o futuro da energia descentralizada A ABGD tem atuado junto ao Congresso e às agências reguladoras para preservar a segurança jurídica do setor e promover propostas construtivas , como a regulamentação do uso de baterias (storage) — tecnologia considerada estratégica para o equilíbrio e modernização do sistema elétrico. “O armazenamento de energia é o próximo passo natural da transição elétrica. Com a queda nos custos das baterias e incentivos adequados, o Brasil pode acelerar a adoção dessa tecnologia, aliviar a rede e aumentar a eficiência energética nacional”, explica Evangelista. A integração entre geração distribuída, baterias e tarifas sazonais pode criar um modelo mais equilibrado, reduzindo custos e aumentando a segurança energética. “É mais eficiente e barato armazenar energia solar ao meio-dia e utilizá-la no pico da noite do que acionar termelétricas”, completa. Consumidor no centro da transição energética Para o presidente da ABGD, o protagonismo do consumidor é o verdadeiro motor da transição energética. Ele compara a transformação do setor elétrico à revolução das telecomunicações: “Assim como a portabilidade mudou o mercado de telefonia, a liberdade de escolha na energia vai transformar completamente o setor elétrico. O consumidor precisa poder escolher se quer estar no mercado livre, no cativo ou produzir sua própria energia.” O futuro do setor, segundo Evangelista, será híbrido, digital e interconectado — com consumidores capazes de armazenar, vender e compartilhar energia .“A energia do futuro será limpa, descentralizada e democrática. Quando o consumidor for de fato livre para escolher sua fonte e modelo de consumo, o Brasil estará alinhado às melhores práticas globais”, conclui. Sobre o EnergyChannel Group O EnergyChannel Group é um hub de comunicação internacional especializado em energia, sustentabilidade, mobilidade e construção inovadora , com presença em múltiplas plataformas de mídia. O grupo produz reportagens, séries documentais e análises sobre o futuro da energia no Brasil e no mundo. Geração distribuída em alerta: ABGD vê risco de retrocesso nas emendas da MP1304
- Bagaço de cana já gera energia equivalente a ¼ de Itaipu e ganha força no setor elétrico
Por José Piñeiro Bagaço de cana já gera energia equivalente a ¼ de Itaipu e ganha força no setor elétrico A safra 2025/26 da cana-de-açúcar está com um sinal de alerta. Segundo levantamento da NovaCana , a média das projeções indica moagem de 596 milhões de toneladas, uma queda de 4,1% em relação ao ciclo anterior. O cenário é agravado por um ATR ( Açúcares Totais Recuperáveis ) mais baixo, reflexo de condições climáticas adversas, e pressiona diretamente a produção de etanol e açúcar, dois pilares tradicionais do setor. Esse movimento evidencia a vulnerabilidade do modelo baseado apenas em biocombustíveis e commodities. Ao mesmo tempo, reforça a urgência de fortalecer um ativo muitas vezes subestimado, que é a bioeletricidade produzida a partir do bagaço e da palha da cana. Além disso, a EPE já apontou que, em 2024, a cogeração a partir da biomassa da cana garantiu aproximadamente 37 TWh de eletricidade, equivalente a 56% da produção da usina de Itaipu. Esse volume não apenas complementa a matriz elétrica nacional, como reduz a necessidade de acionar termelétricas fósseis, mais caras e poluentes. No mesmo ano, a biomassa respondeu por 8,2% da geração elétrica brasileira, consolidando-se como a quarta fonte renovável mais relevante, atrás apenas da hídrica, eólica e solar. Além disso, o valor estratégico da bioeletricidade está na complementaridade sazonal. A safra de cana coincide com o período seco, quando os reservatórios hidrelétricos ficam pressionados. Isso transforma as usinas sucroenergéticas em fornecedoras de confiabilidade para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Da mesma forma, a bioeletricidade possui a curva de geração definida e previsível, ao contrário da geração solar ou eólica, sujeitas a variabilidade climática. Essa característica é fundamental para garantir a estabilidade do sistema. Oportunidade de negócio e de política pública Vale ressaltar que o potencial da bioeletricidade é ainda maior do que o já entregue. Para o setor sucroenergético, pressionado por margens menores no açúcar e no etanol, a venda de energia elétrica representa diversificação e estabilidade na receita. Para o país, é um instrumento de segurança energética e descarbonização. Dessa forma, a safra 2025/26 lembrou que açúcar e etanol não são suficientes para sustentar sozinhos o setor sucroenergético. Ao contrário, a bioeletricidade se projeta como o verdadeiro pilar de estabilidade, tanto para o sistema elétrico nacional, quanto para o futuro econômico das usinas. Investir em políticas que valorizem essa fonte, como remuneração pela capacidade firme, proximidade dos grandes centros consumidores e confiabilidade nas projeções de geração, permite transformar uma vocação em estratégia. O Brasil não pode abrir mão de um ativo que gera energia limpa, reduz emissões e garante estabilidade. A bioeletricidade da cana deixa de ser apenas uma alternativa para se tornar o futuro da segurança energética do país. Sobre José Piñeiro: Executivo com 24 anos de experiência no setor de energia, sendo 14 no setor sucroenergético. Atuou em cargos de liderança na Bunge Brasil, BP Bunge e bp bioenergy, com foco em estratégias comerciais e gestão de energia. MBA Executivo pela Fundação Dom Cabral. Sobre a Tria Energia: comercializadora que atua no Ambiente de Contratação Livre (ACL) com portfólio completo de comercialização, gestão e trading. Com governança, capital e know-how respaldados pelo Pátria Investimentos, a Tria oferece flexibilidade contratual, gestão ativa, estruturas financeiras e suporte consultivo para viabilizar economia, previsibilidade e descarbonização. Bagaço de cana já gera energia equivalente a ¼ de Itaipu e ganha força no setor elétrico
- CCEE aprova orçamento de 2026 com aumento de 8,34% e foco em inovação e eficiência do mercado elétrico brasileiro
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) aprovou o orçamento para 2026 com reajuste de 8,34%, reforçando investimentos em digitalização, segurança de dados e aprimoramento das operações do mercado de energia. CCEE aprova orçamento de 2026 com aumento de 8,34% e foco em inovação e eficiência do mercado elétrico brasileiro A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) aprovou, em assembleia realizada com seus associados, o orçamento para 2026. O novo plano financeiro prevê um reajuste de 8,34% em relação a 2025 , refletindo o compromisso da instituição em sustentar o crescimento do mercado livre de energia e fortalecer a infraestrutura digital que dá suporte às operações do setor. A CCEE, responsável por viabilizar e monitorar as transações de compra e venda de energia elétrica no país, destacou que o aumento busca acompanhar a expansão das atividades e a modernização dos sistemas de gestão e monitoramento do mercado elétrico . Segundo a entidade, o foco do orçamento está em projetos de inovação tecnológica, cibersegurança, automação de processos e melhoria dos serviços prestados aos agentes – temas que ganham relevância em um cenário de transição energética acelerada e de maior complexidade regulatória. Nos últimos anos, a CCEE vem ampliando sua atuação na digitalização do setor, com iniciativas voltadas à transparência dos dados, integração de fontes renováveis e aprimoramento da governança do mercado de energia . A expectativa é que o orçamento de 2026 permita consolidar essas transformações e garantir maior previsibilidade às operações, em um ambiente de negócios cada vez mais competitivo. A assembleia contou com ampla participação dos associados, representando diferentes perfis de agentes desde comercializadoras e geradoras até consumidores livres e distribuidores. A aprovação do orçamento reforça a confiança dos participantes na gestão da CCEE e na continuidade de uma estrutura sólida para o futuro do mercado elétrico brasileiro. CCEE aprova orçamento de 2026 com aumento de 8,34% e foco em inovação e eficiência do mercado elétrico brasileiro












